Petrobrás: até aliados reagem contra privatização e pauta pode virar ‘tiro no pé’ para reeleição

Petrobrás: até aliados reagem contra privatização e pauta pode virar ‘tiro no pé’ para reeleição

Logo após assumir o comando do Ministério de Minas e Energia, Adolfo Sachsida, pau mandado de Paulo Guedes que é pau mandado dos interesses do capital internacional, anunciou que entregou à equipe econômica do governo estudos sobre a privatização da Petrobrás. O primeiro ato como ministro, no entanto, não agradou aliados de Jair Bolsonaro (PL), o que tem preocupado o círculo mais próximo ao presidente.

E é preciso deixar claro. Durante 63 anos a Petrobrás teve uma política de administração dos preços que só foi modificada após o golpe de 2016 que visava justamente o que acontece hoje: transferir a renda do Pré-Sal e dos ativos da estatal para os acionistas internacionais.

A consequência, como está claro para todos que mantém o mínimo de sanidade mental, é que a inflação dos preços explode junto com o empobrecimento da população e do país que assiste ao aumento da miséria, da fome e da violência.

E como são bobos, articuladores da reeleição do chefe do Executivo federal, por exemplo, estão divididos quanto à medida suicida de Sachsida. Enquanto parte defende que a pauta tem força eleitoral, outra argumenta que eventual privatização da petroleira em ano de eleições pode manchar a imagem do presidente e dificultar o plano de o mandatário seguir no comando do país.

Segundo interlocutores do Palácio do Planalto, a proposta pode virar “um tiro no pé”. Esses mesmos aliados dizem que o anúncio do governo já começa a ter o efeito contrário ao desejado.

Nessa sexta-feira (13/5), o coordenador-geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), Deyvid Bacelar, afirmou que, caso o presidente Jair Bolsonaro “ouse pautar a privatização da Petrobrás”, a categoria entrará imediatamente em greve. O petroleiro alertou ainda que esta seria “a maior greve da história”.

Caminhoneiros devem se reunir neste domingo (15/5) para decidir se a categoria vai fazer greve nacional em protesto contra a alta de 8,87% no preço do diesel.

Aliados do governo dizem que, embora parte dos caminhoneiros tenha comprado o discurso de Bolsonaro de que a responsável pela alta dos combustíveis é da Petrobras, o posicionamento não diz respeito à categoria inteira. Defendem ainda que o governo pode afastar eleitores com uma eventual privatização da empresa, além de “dar munição à esquerda”.

Interferências “por vias legais”

Nesta semana, durante transmissão ao vivo nas redes sociais, Bolsonaro disse que a Petrobrás “tem de ter o seu papel social no tocante ao preço dos combustíveis”. Assinalou ainda que não haverá interferência na Petrobras, a não ser, segundo ele, “pelas vias legais”.

De acordo com interlocutores, essas vias estão sendo estudadas de duas formas. A primeira diz respeito ao frete. O Ministério da Economia calcula que mudança no valor do frete poderia reduzir a cotação do petróleo de 10% a 15%.

Apesar de o próprio presidente da Petrobrás, José Mauro Coelho, ter afirmado que a empresa irá manter a política de preços (de alinhamento ao mercado internacional), integrantes do Ministério de Minas e Energia querem alterar a fórmula do cálculo dos preços dos combustíveis. O objetivo é baratear os produtos nos postos revendedores.

A segunda ideia em estudo é ampliar o intervalo dos reajustes anunciados pela Petrobrás, que, atualmente, não têm periodicidade definida, mas o fato é que enquanto não for revertida a atual política de preços atreladas ao mercado internacional, cujo resultado beneficia os acionistas privados em detrimento do povo brasileiro que ainda é o maior acionista da estatal, nada vai mudar. (Da redação, com Metrópoles)

Por Jornal da República em 14/05/2022
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