Picanha mais barata no governo Lula: entenda o motivo da queda nos preços da carne vermelha

Vídeo que mostra pessoas comemorando a carne mais barata em supermercado na Paraíba viralizou e é tido como prova da realização da promessa de Lula. Mas, há outros fatores para a queda no preço da picanha.

Picanha mais barata no governo Lula: entenda o motivo da queda nos preços da carne vermelha

Um vídeo que mostra dezenas de pessoas comemorando a compra da carne mais barata em uma unidade do mercado Mix Mateus em Campina Grande, na Paraíba, viralizou nas redes como mostra da realizada de uma das mais sonhadas promessas de Lula durante a campanha: o da picanha "com aquela gordurinha" voltar aos churrascos dos fins de semanas das famílias brasileiras - que durante o governo Jair Bolsonaro viram filas de pessoas em busca de ossos e carcaças de frango.

A promessa se tornou realidade com a queda de 1,22% no preço da carne vermelha em fevereiro, segundo o IBGE - com a picanha puxando a redução, sendo vendida a pelo menos 2,63% mais barata pelos frigoríficos.

No entanto, a queda no preço das carnes se deve a um conjunto de faturas que tem pouco a ver com as políticas governamentais, que buscam aumentar o poder de compra das famílias para ampliar o leque de alimentos nas mesas.

A queda nos preços está relacionada especialmente à maior oferta da carne no mercado interno.

Segundo estudo feito pela consultoria Safras & Mercado, os pecuaristas projetam um abate de 33,6 milhões de cabeças de gado em 2023, que resultará em um total de 9 milhões de toneladas de carcaças no ano - ante 8,7 milhões em 2022.

O aumento da produção se dá em razão do ciclo pecuário, que vai registrar um aumento de produção neste ano e um gargalo em 2024 e 2025, quando o ritmo de nascimentos não acompanhará a demanda por animais de reposição, levando a nova elevação dos preços nos segmentos de cria e recria, entrando na etapa do ciclo de menor capacidade produtiva.

Com a projeção de um ciclo alto de produção em 2023, os pecuaristas fizeram um agressivo processo de negociação com importadores chineses.

No entanto, dois fatores frearam a exportação para a China: o aumento de produção caseira no país oriental (que substitui parte da importação) e a suspensão temporária de exportações para o mercado chinês após um caso atípico do mal da vaca louca, no Pará.

Além disso, houve queda no preço das rações para engordar os animais e a retração no consumo de carne vermelhar durante a quaresma. 

"A gente entende que esse preço se mantém, pela oferta que nós temos hoje do produto - a carne bovina - e também pela reação do consumidor. Nós temos as vendas estáveis também, sem qualquer aquecimento. Então, a perspectiva é que esse preço se mantenha, até com uma tendência de queda", diz Silvio Carlos Brito, presidente do Sindicato dos Donos de Açougues de Goiás, em entrevista ao Jornal Nacional.

O cenário favoreceu e deu tempo ao governo Lula para colocar em prática os projetos de renda, especialmente para a população mais pobre, que praticamente se viu proibida de consumir carne vermelha com os preços exorbitantes durante o governo Bolsonaro. (Da Revista Fórum)

Por Jornal da República em 14/03/2023
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