Plano de Bolsonaro para tentar tungar joias sauditas teve participação de pelo menos sete militares

De Almirante a cabo, o que fica demonstrado é a completa falta de entendimento da separação entre público e privado

Plano de Bolsonaro para tentar tungar joias sauditas teve participação de pelo menos sete militares

Pelo menos sete militares tiveram participação nas ações do governo do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) para entrar ilegalmente no Brasil com as joias enviadas pela ditadura da Arábia Saudita ou para tentar reaver os itens apreendidos pela Receita Federal.

De acordo com informações do Estadão, o caso teve início com o ex-ministro de Minas e Energia, Bento Albuquerque. Foi o almirante de esquadra que recebeu os presentes que seriam entregues ao governo do ex-capitão. Ele representava Bolsonaro na comitiva que esteve na Arábia Saudita, em outubro de 2021.

Com Albuquerque, estava seu assessor Marcos André dos Santos Soeiro. Tenente da Marinha, Soeiro foi quem teve as joias apreendidas pela Receita em Guarulhos (SP).

Após a apreensão, o ex-chefe do Executivo acionou um novo bloco de militares para tentar recuperar o conjunto de joias. José Roberto Bueno Junior, contra-almirante da Marinha, foi chefe de gabinete de Bento Albuquerque e assinou ofícios da pasta tentando liberar os itens.

O caso, no entanto, chegou ao então chefe da Receita Federal Julio Cesar Gomes. Ex-oficial da Marinha, ele fez diversas incursões para tentar resgatar as joias. Bolsonaro também acionou militares para tentar transformar as peças em itens de seu “acervo pessoal”.

Diante disso, Mauro Cid, tenente-coronel do Exército, solicitou que as joias fossem cadastradas no sistema federal como “acervo privado”. Cid teve o apoiou de Cleiton Henrique Holzschuk, segundo-tenente do Exército. Ele enviou um ofício para pedir a liberação das joias para o ex-presidente.

Ex-ajudante de ordens de Bolsonaro, Cid também enviou Jairo Moreira da Silva a Guarulhos em um avião da Força Aérea Brasileira (FAB). Primeiro-sargento da Marinha, Jairo tinha a missão de convencer o auditor da Receita a liberar as joias.

Em nota, a Marinha disse que “o assunto está sendo apurado fora do âmbito” da Força. Já o Exército declarou que “os militares do Exército Brasileiro (EB) se encontravam em cargo fora da Força, portanto, o processo investigativo, em tese, deve ser instaurado pelo órgão ao qual eles estavam subordinados”. (Do DCM)

 

Por Jornal da República em 11/03/2023
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