Pré-candidatura de bolsonarista no Rio é moeda de troca para MDB fortalecer candidatura de Nunes em São Paulo

Pré-candidatura de bolsonarista no Rio é moeda de troca para MDB fortalecer candidatura de Nunes em São Paulo

O MDB quer o apoio do PL para reeleger o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Para isso, o partido usa como moeda de troca a pré-candidatura de Otoni de Paula (MDB-RJ) à Prefeitura do Rio de Janeiro. O deputado bolsonarista pode atrapalhar os planos de Alexandre Ramagem (PL), que pretende chegar ao segundo…

O MDB quer o apoio do PL para reeleger o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB). Para isso, o partido usa como moeda de troca a pré-candidatura de Otoni de Paula (MDB-RJ) à Prefeitura do Rio de Janeiro. O deputado bolsonarista pode atrapalhar os planos de Alexandre Ramagem (PL), que pretende chegar ao segundo turno na capital fluminense. O MDB cogita abrir mão de Otoni se ele não tiver ao menos 10% dos votos, mas só se o PL ajudar Nunes em São Paulo.

Enquanto não há definição, o MDB mantém a pré-candidatura viva. Vista até então com desconfiança no meio político carioca, ela ganhou mais força no fim de dezembro, quando Otoni postou um vídeo ao lado do presidente nacional do partido, Baleia Rossi, endossando a postulação.

A decisão de manter Otoni no páreo deve ser tomada até abril, de acordo com integrantes do MDB. O partido fará uma pesquisa em março para avaliar as chances do deputado bolsonarista.

A reeleição de Nunes, que tem Guilherme Boulos (PSOL) como principal adversário, é a prioridade do MDB em 2024. O Rio, por sua vez, é visto como central por Bolsonaro, por ser sua base eleitoral.

Já o PL é o partido com a maior fatia do fundo eleitoral e o maior tempo de propaganda no rádio e na TV.

O presidente do PL, Valdemar Costa Neto, afirmou à Folha em dezembro que o seu partido apoiará Nunes, assim como Bolsonaro. Aliados do emedebista dão como certo uma coligação com o PL, apesar dos sinais trocados do ex-presidente, que já endossou publicamente a pré-candidatura do deputado federal Ricardo Salles (PL).

Salles depende de uma carta de Valdemar que o libere para deixar o PL sem perder o mandato e, assim, se filiar ao Partido da Renovação Democrática (fusão do PTB com o Patriota) para concorrer à Prefeitura de São Paulo.

Se, no Rio de Janeiro, uma candidatura do MDB pode dragar votos de Ramagem, em São Paulo a eventual candidatura de Salles, mesmo fora do PL, também desidrata Nunes, que perde os votos dos bolsonaristas.

Baleia Rossi afirmou que Otoni é pré-candidato no Rio. “Ele tem trabalhado muito e melhorado o desempenho nas pesquisas”, disse.

O presidente do MDB mencionou ainda a recente filiação do vice-governador do Rio, Thiago Pampolha, ao partido como um sinal de que a sigla está fortalecida no estado e, portanto, tem condições de disputar a capital.

O presidente do MDB do Rio, Washington Reis, abriu um canal de diálogo com o governador Cláudio Castro (PL), que apoia Ramagem. Uma das opções para a sigla é ocupar a vice do ex-chefe da Abin (Agência Brasileira de Inteligência).

Pastor evangélico, Otoni tem forte entrada no eleitorado bolsonarista e pode obter votos que, sem seu nome na urna, iriam para Ramagem.

Ainda que emedebistas e integrantes do PL reconheçam ser difícil Otoni ultrapassar Ramagem, que contará com o empenho pessoal de Bolsonaro, há a preocupação de que votos perdidos possam prejudicar a chegada ao segundo turno, a depender do desempenho do deputado Tarcísio Motta (PSOL).

O prefeito Eduardo Paes (PSD), pré-candidato à reeleição, é visto como nome certo no segundo turno.

Otoni demonstrou sua força na eleição passada ao obter 158 mil votos para a Câmara dos Deputados, sendo o sétimo mais votado do Rio de Janeiro. O resultado foi obtido mesmo sem poder usar suas redes sociais, bloqueadas em agosto de 2021  por determinação do STF (Supremo Tribunal Federal). Teve apenas 1.000 votos a menos que Tarcísio.

Otoni de Paula foi alvo de mandados de busca e apreensão da Polícia Federal em 20 de agosto de 2021, com o cantor Sérgio Reis,  às vésperas do 7 de setembro Desde então, seus perfis no Facebook, Instagram, Twitter e YouTube estão bloqueados.

O parlamentar também é réu numa ação penal no Supremo sob acusação de injúria e difamação contra o ministro Alexandre de Moraes, fruto da primeira denúncia feita no âmbito do inquérito dos atos antidemocráticos.. Ele publicou vídeos em suas redes sociais em que o chamava de esgoto do STF, canalha e tirano.

Após a eleição, Otoni amainou o discurso. Tirou fotos com petistas e evitou participar de manifestações que pudessem melindrar o STF. Em setembro passado, recuperou suas redes sociais e, na publicação inaugural, fez ataques a Eduardo Paes. A tônica tem se mantido nos últimos meses, intercalada com pautas conservadoras.

Com informações da Folha de S.Paulo

Por Jornal da República em 10/01/2024
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