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O preço médio da gasolina subiu pela 8ª semana nos postos de combustíveis do Brasil e permanece acima da marca de R$ 6 por litro, de acordo com levantamento da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP).
A cotação média da gasolina comum nas bombas atingiu R$ 6,092 por litro nesta semana, ante R$ 6,076 na semana anterior.
A pesquisa também mostrou alta nos valores do etanol, que chegou a R$ 4,715 por litro, versus R$ 4,704 na última semana.
O óleo diesel teve leve recuo e foi cotado a R$ 4,707 por litro, pouco abaixo dos R$ 4,709 registrados na semana passada.
Impacto na inflação
Em 2021, o combustível se transformou num dos vilões da inflação, responsável por afetar duramente o orçamento das famílias brasileiras – já prejudicadas pela alta dos alimentos e da energia elétrica. Segundo o IBGE, a gasolina acumula no ano uma alta de 31,09%.
Os preços de venda dos combustíveis seguem o valor do petróleo no mercado internacional e a variação cambial. Dessa forma, uma cotação mais elevada da commodity e/ou uma desvalorização do real têm potencial para contribuir com uma alta de preços no Brasil, por exemplo.
A vida como ela é
Na “vida real”, os preços cobrados pelos combustíveis estão cada vez mais altos, como indica levantamento feito por dirigentes sindicais para a CUT, a Central Única dos Trabalhadores. No Acre, na cidade de Marechal Taumaturgo, próximo à fronteira do país com o Peru, há postos vendendo o litro da gasolina a espantosos R$ 8,20. Também no Acre, foi registrado o combustível a R$ 6,70, na cidade de Cruzeiro do Sul.
Os sucessivos aumentos da gasolina, assim como do álcool combustível, praticamente quinzenais, têm causado impacto importante na renda dos brasileiros. Em especial os que moram longe dos grandes centros. “Onde os preços dos combustíveis geralmente são mais caros, o PIB também é menor. São locais onde há poucas atividades produtivas, por isso os salários são menores. No fim das contas, pagando mais caro pelos combustíveis e pelos outros produtos que ficam também mais caros, o custo de vida fica maior”, diz Valnísio Hoffman, coordenador do Sindicato dos Petroleiros do Espírito Santo (Sindipetro-ES), ao portal da CUT Nacional, em reportagem de Andre Accarini.
Gasolina impacta em tudo
Segundo a técnica do Dieese Adriana Marcolino, a alta nos combustíveis tem impacto em toda a renda das pessoas, mesmo as que não utilizam automóveis particulares. “O transporte é item presente em toda cadeia de produção. Tem impacto nos alimentos, nos remédios, vestuário, enfim, em tudo que compõe o orçamento familiar”, explica.
É o que também afirma Rosângela Buzanelli, representante dos trabalhadores no Conselho de Administração da Petrobras. “O reajuste vai gerar aumento de quase tudo, porque o custo do combustível tem influência direta na inflação, em especial nos alimentos e nas bebidas, e afeta, principalmente, o setor de transportes”.
Política de preços
Rosângela critica a política de preços adotada desde 2016, no governo Temer, pelo então presidente da estatal Pedro Parente, e continuada pelo governo Bolsonaro. “É uma estratégia que vincula o preço interno ao mercado internacional, por meio de um mecanismo chamado PPI (Paridade de Preços Internacionais), que nada mais é do que o valor cobrado lá fora, transformado em real pela taxa de câmbio, mais 5%”.
A trabalhadora petroleira lembra que o Brasil é autossuficiente na produção e refino do petróleo. Também afirma que a definição dos valores dos combustíveis pela Petrobras deveria levar em consideração vários outros fatores, em vez de somente o preço praticado no mercado internacional. “O alinhamento incondicional dos preços do mercado interno aos do mercado externo é ruim para a sociedade como um todo”.
Função social
Anda segundo reportagem da CUT, a média do preço de gasolina no país é de R$ 5,45. Porém, há cidades como Juiz de Fora (MG), Formosa (GO), Alenquer (PA) e Bagé ( RS) onde o valor médio está na casa dos R$ 6. No Rio, por exemplo, o litro chega a custar R$ 6,19. Em Barra Mansa, também no Rio de Janeiro, o consumidor paga até R$ 6,49.
“A Petrobras tem uma função social por ser uma estatal. Mas, infelizmente, os acionistas só pensam em lucros e atitudes assim não são pensadas. Eles, atualmente, rasgam o estatuto e a função social da empresa”, conclui Valnísio Hoffman.
Por sua vez, Rosângela Buzanelli cita ainda que características conjunturais e estruturais “devem entrar na balança para uma política de preços mais justos, que beneficie a todos, sociedade e acionistas”.
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