Prefeito de Porto Alegre defende bandidos

Pregar a instalação de uma ditadura é crime dos mais graves

Prefeito de Porto Alegre defende bandidos

Um dos bordões mais surrados da extrema direita é o de que a esquerda defende bandidos. Como se sabe, isso é uma deslavada mentira. O que progressistas e democratas em geral defendem é que os criminosos sejam tratados de acordo com a lei, e não agredidos, torturados ou exterminados para satisfazer os maus bofes de reacionários hidrófobos.

Essa ânsia da direita por castigo de quem comete algum delito é seletiva. Mira em grupos economicamente fragilizados ou em adversários políticos e ideológicos.

Corrupção, roubo, homicídios, seja lá qual for o crime, se tiver sido cometido por algum cacique do Centrão, um empresário, um policial militar, um miliciano ou um general, terá sempre a benevolência dos reacionários.

Até crimes mais graves, que afetam toda uma nação, serão perdoados pela direita se os autores do ataque forem de sua corrente ideológica. É o caso de Bolsonaro, seus generais e os golpistas do 8 de Janeiro, que tentaram jogar no chão a democracia brasileira.

A horda que invadiu e depredou as sedes dos três Poderes é tratada como “velhinhos e velhinhas inofensivos”; os planos detalhados descobertos pela Polícia Federal não passam de uma cogitação maluca que não foi à frente e, finalmente, Bolsonaro não sabia de nada.

Imagine se fossem Lula e os petistas a tentar algo parecido. O que estariam bradando os que hoje clamam por anistia? (Basta lembrar como eram implacáveis com Lula nos tempos da Lava Jato, mesmo sem provas).

Ficarão marcados na história todos os que colaboraram e colaboram para essa escalada autoritária. Especialmente os políticos que têm a cara de pau de se valer dos mecanismos da democracia para tentar massacrá-la.

O caso mais recente é o do prefeito reeleito de Porto Alegre, Sebastião Melo (MDB). Sua posse no atual mandato ficou marcada pela defesa dos militantes do autoritarismo.

“Nesta tribuna e nas 6.000 casas legislativas municipais e no Congresso Nacional, um parlamentar ou qualquer um do povo que diga ‘eu defendo a ditadura’, não pode ser processado por isso, porque isso é liberdade de expressão”, afirmou, na quinta-feira (2).

Mais à frente em seu discurso, Melo comparou alhos com bugalhos e disse que “aquele que defende o comunismo, o socialismo” também não pode ser processado, pelo mesmo motivo. Ele certamente sabe (mas finge que não) que tanto comunismo como socialismo são modelos políticos legítimos, que participam da vida partidária em vários países (inclusive no Brasil) sem romper com as regras legais.

Pregar a instalação de uma ditadura é crime dos mais graves. É rasgar a Constituição e as leis, é tentar botar um país de joelhos sob jugo de um ditador e seus asseclas.

Quem faz apologia de um crime tão hediondo é criminoso também — ou bandido, como a direita gosta de chamar.

Em flerte com o bolsonarismo com vistas à eleição para governador em 2026, Sebastião Melo faz o que é costume na extrema direita, tenta livrar a cara dos seus golpistas de estimação.

O discurso de posse deixou claro para todo o Brasil o seu caráter.

O prefeito de Porto Alegre defende bandidos.

Por Chico Alves - ICL

Por Jornal da República em 05/01/2025
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