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A Prefeitura de Niterói realizou, na manhã desta sexta-feira (27), a primeira audiência pública para receber agricultores familiares locais, e de outras regiões do estado do Rio de janeiro, com o objetivo de estabelecer uma relação de proximidade entre produtores e identificar quais podem atender às demandas de fornecimento de itens para o cardápio da merenda escolar do município. Niterói usa o máximo do orçamento destinado à merenda escolar permitida por Lei Federal, 32%, com a agricultura familiar.
Diretora do Departamento de Alimentação Escolar da Secretaria Municipal de Educação (SME), Ivone Albertino Rosa celebrou o encontro realizado no auditório Amaury Pereira Muniz, no Centro da cidade.
“Estabelecemos uma conexão com os produtores e atendemos ao programa Nacional de Alimentação Escolar, que determina que se faça essa audiência pública entre a Prefeitura e agricultores familiares. Foi muito importante conhecermos os produtores de Niterói e as características de sua produção. Haverá uma chamada para compra de produtos em agosto e, claro, se pudermos comprar com esses fornecedores, ficaremos muito mais felizes. Temos uma oferta local de legumes e hortaliças e muita banana. Mas temos necessidade de muitos outros itens”, explica a gestora.
Segundo Ivone, os colégios do município consomem 2.800 dúzias de ovos semanalmente, por exemplo, e uma variedade grande de frutas: “Há granjas locais que estão se comprometendo a nos suprir nessa demanda. Mas não podemos arriscar. Por isso somos muito criteriosos”.
Representante da Associação de Produtores Familiares de Santa Rita e região, em Barra Mansa (entidade que reúne 180 agricultores), Valdiana Marina de Oliveira, ouviu o apelo da gestora de Niterói e pôde explicar que já está se adaptando para atender à demanda.
“Oferecemos, em geral, hortigranjeiros, mas este ano estamos trazendo arroz e farinha de mandioca, por exemplo. Estamos organizando trocas com produtores de outros estados a fim de ampliar a oferta de itens aqui. Sabemos que a prioridade é dos agricultores locais, mas há produtos que não são plantados em Niterói. Então, estamos ajudando a trazê-los para cá. É bom para todos”, diz Valdiana.
Ricardo Nery, presidente da Cooperativa do Instituto Agroecológico, que produz hortaliças, mel, tilápia e cogumelo em Niterói, diz que lutou durante 10 anos para conseguir o documento de aptidão do Programa Nacional de Fortalecimento da Agricultura Familiar (PRONAF).
“Agora vou vender. Isso é bom demais. Vamos entrar no Programa de Retomada de Desenvolvimento de Agroecologia, proposto pelo prefeito Axel Grael. É a primeira vez que temos um contato direto com os compradores. Pude apresentar nosso projeto de sustentabilidade com a Piscicultura em Sistema de Recirculação de Águas e mostrar que estamos verticalizando nossa produção com tecnologia”, explicou Nery.
Já a nutricionista responsável técnica pela alimentação escolar do município, Marina Messas, desafiou os produtores a ajudarem a resolver um desafio no cardápio das crianças de 1 a 3 anos.
“Nessa faixa etária, não podemos oferecer às crianças nada que contenha açúcar, mel e semelhantes. Ou seja, não podem ser nem mesmo ultraprocessados (feitos, por exemplo, com o açúcar extraído de um alimento, com amido extraído de outro alimento, com a proteína isolada de outro alimento). As crianças adoram pão, mas estamos conversando com os produtores para ver se eles têm métodos de produção que não usem também conservantes e nem corantes. Já tivemos algumas respostas interessantes. Vamos testar”, disse a nutricionista garantindo que, até ser aprovado, o pão passará por diversos testes.
FOTOS: BRUNO ALVES
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