Prevaricou ou não? PF abre inquérito

Indícios estão relacionados à negociação para compra da vacina Covaxin que, entre outras coisas, teve trâmite de aquisição de 97 dias, enquanto a Pfizer demorou 330 dias

Prevaricou ou não? PF abre inquérito

DA REDAÇÃO - Vivendo seu momento mais desfavorável, o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), inicia a semana com mais uma má notícia. A Polícia Federal (PF) abriu inquérito para investigar se o mandatário cometeu crime de prevaricação durante as negociações para a aquisição da vacina indiana Covaxin, conforme revelado pela coluna Painel, do jornal Folha de S. Paulo.

Em entrevista no final de semana à Rádio Gaúcha, durante mais uma ‘motociata’, Bolsonaro disse: “não posso, ao chegar qualquer coisa pra mim, tomar providência”.

A fala foi vista pela oposição como uma declaração de culpa que confirma o crime de prevaricação, mas para o presidente Jair Bolsonaro, “é uma história fantasiosa e que só interessa aos senadores Omar Aziz  (PSD-AM) e Randolfe Rodrigues (Rede-AP), presidente e  vice-presidente da CPI, respectivamente, e Renan Calheiros (MDB-AL), relator da comissão.”

Segundo o deputado federal Luis Miranda (DEM-DF), Bolsonaro foi informado sobre as suspeitas de contrato superfaturado e teria prometido mandar o caso para a Polícia Federal. O inquérito para apurar o caso Covaxin só foi aberto, contudo, em 30 de junho, após a denúncia ser publicamente divulgada. Líder do governo na Câmara, o deputado Ricardo Barros (PP-PR) estaria envolvido no esquema.

A ministra do Supremo Tribunal Federal (STF) Rosa Weber aceitou, no último dia 2, pedido da Procuradoria-Geral da República (PGR) para autorizar abertura desse outro inquérito que irá investigar se mandatário do país cometeu o crime de prevaricação.

No despacho, a ministra autorizou que a PGR requisite informações a vários órgãos, e tome depoimentos dos envolvidos – dentre os quais, o presidente Bolsonaro e os irmãos Miranda. O prazo inicial da apuração é de 90 dias. “Após, encaminhem-se os presentes autos à Polícia Federal, para a realização das diligências indicadas pelo dominus litis, além de outras que a autoridade policial entenda pertinentes ao esclarecimento dos fatos sob apuração”, complementou Rosa Weber.

CONFLITOS EM SÉRIE E MANIA DE PERSEGUIÇÃO
Depois das reações dos presidentes do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG), da Câmara, Arthur Lira (PP-AL) e do Tribunal Superior Eleitoral, Luís Roberto Barroso, às suas falas de cunho golpista e autoritária, o presidente da República agora se diz alvo de boicote de ‘gente importante’.

Durante sua fala a apoiadores em frente ao Palácio do Planalto, Bolsonaro desabafou. “Os problemas fazem parte, a gente sabia que ia ser difícil, mas esperava contar com gente importante do meu lado. Lamentavelmente, muita gente importante boicota.”

Como a semana promete com mais depoimentos na CPI, a tensão no Palácio do Planalto vai continuar alta e não deve dar tréguas aos soluços cada vez mais intensos do presidente da República.

Confira quem vai depor essa semana.

Agenda da CPI
Terça-feira
Emanuele Medrades, representante da Precisa Medicamentos, que assina o contrato da Covaxin.

Quarta-feira
Amilton Gomes de Paula, reverendo batista que preside a ONG Senah (Secretaria Nacional de Assuntos Humanitários). O reverendo, como intermediário da Davati, teria apresentado Luiz Dominguetti aos representantes do governo federal que trataram da compra de vacinas.

Quinta-feira
Marcelo Blanco, tenente-coronel e ex-assessor do Delog (diretor substituto), citado por Luiz Dominguetti como a pessoa que fez a ponte entre ele e Roberto Ferreira Dias.
(Com agências)

Por Jornal da República em 12/07/2021
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