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Desde quarta-feira (2) o botijão de gás de cozinha na Bahia ficou 3,24% mais caro. Este foi o reajuste anunciado pela Acelen, empresa criada pelo grupo árabe Mubadala para administrar a Refinaria Landulpho Alves (Rlam). Já é o segundo aumento este ano, no dia 1º de fevereiro a Acelen já havia reajustado o gás que subiu entre 9.1% e 9,4%, a depender do ponto de entrega e modalidade. Portanto, um reajuste de quase 13% em um mês.
A Bahia foi o único estado a ser penalizado com o reajuste. Uma consequência da política de desmonte do governo Bolsonaro que vendeu a refinaria baiana e pretende vender outras sete refinarias da Petrobrás. Apesar do Preço de Paridade de Importação (PPI) adotado desde o governo Temer pela Petrobrás, a estatal embora também esteja penalizando a população ao atrelar os valores dos combustíveis ao dólar e à cotação do petróleo internacional, tem praticado preços abaixo dos aplicados pela Acelen. O último aumento do gás de cozinha anunciado pela Petrobrás foi no dia 9 de outubro de 2021.
Em relação a gasolina e ao diesel, a Acelen já reajustou quatro vezes os preços destes combustíveis. Nos dias 1º, 15, 22 de janeiro e 5 de fevereiro.
Preço justo
Percorrendo há cerca de três anos diversos bairros da capital e cidades do interior da Bahia com a campanha do gás e gasolina a preço justo, diretores do Sindipetro Bahia têm visto de perto a realidade do povo que não consegue mais dar conta dos sucessivos aumentos dos preços dos combustíveis. Eles têm presenciado situações difíceis e ouvido relatos de pessoas que voltaram a cozinhar a lenha e, muitas vezes, não têm nem o que comer. “A gente está até comprando carvão para cozinhar comida porque nestas condições não dá para tirar R$ 100,00 dos nossos bolsos para comprar um bujão de gás”. A revelação, em tom de revolta, foi feita por Cláudio José, uma das centenas de pessoas que em julho de 2021 madrugaram na fila que se formou no bairro de Pituaçu, em Salvador, onde ocorreu uma ação do Sindipetro Bahia de venda de gás de cozinha a preço justo. O mesmo bairro, onde há muitas famílias carentes, será palco, no próximo sábado (5) de mais uma ação do preço justo do gás.
Monopólio privado
O Coordenador Geral do Sindipetro, Jairo Batista, lembra a luta do Sindipetro e da FUP para evitar a privatização da RLAM e os alertas que foram dados pelas entidades sindicais para as consequências desta privatização, que já estão sendo sentidas.
Um dos alertas foi sobre a criação de um monopólio privado internacional de petróleo, o que já é realidade na Bahia, além do risco de desabastecimento. “A Acelen está muito confortável, pois herdou um amplo mercado estruturado e pode fazer o que bem entender porque não tem concorrência. Saímos de um monopólio estatal para um monopólio privado de petróleo, o que é um perigo para a nação”, afirma Batista.
Guerra na Ucrânia
A guerra entre Rússia e Ucrânia é outro fator preocupante. Além dos problemas humanitários que tem causado, o conflito também está trazendo graves transtornos para a economia mundial, principalmente com o aumento do preço do barril do petróleo já que a guerra ocorre entre países produtores. Com isso, a tendência é que o barril de petróleo continue subindo e a alta vai refletir diretamente nos preços dos derivados no Brasil, principalmente na Bahia, onde temos um monopólio privado de petróleo. O Diretor de comunicação do Sindipetro, Radiovaldo Costa, explica que “apesar da adoção do PPI pela Petrobrás, a estatal tem a vantagem de processar o petróleo que ela mesma produz e pode controlar o preço dos combustíveis, já a Acelen compra petróleo para processar e a tendência é que os preços dos combustíveis na Bahia disparem. Esta é a diferença do controle público para o privado”.
O sindicalista cita o que considera outro grande equívoco do governo Bolsonaro que foi a venda e fechamento de algumas fábricas de fertilizantes da Petrobrás. Hoje, 85% dos fertilizantes são comprados no mercado internacional e a Rússia – que comprou uma das fábricas de fertilizantes da Petrobrás – é um dos maiores fornecedores do insumo para o Brasil. “Foi um grande erro o fechamento da fábrica de fertilizantes do Paraná e a paralisação das atividades da fábrica de Três Alagoas, em Mato Grosso, que é a maior fábrica de fertilizantes do mundo. Esta última se tivesse entrado em operação já estaria abastecendo o mercado interno e o Brasil não ficaria tão vulnerável frente a esta guerra”, analisa Radiovaldo. (Da FUP)
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