Privilégios e Honra, Por Cel Walter Felix Cardoso Junior

Há momentos em que percebo nossos pares agindo com uma inquietante indiferença, como se estivessem alheios à realidade. Eles parecem confortáveis em meio à enganosa "pax" do mundo materialista, onde uma minoria privilegiada se sustenta à custa da acomodação geral e da ignorância de tantos.

Mas até onde isso pode ir? Essa não é uma questão que uma só pessoa pode responder. Cada indivíduo carrega consigo apenas uma fração do entendimento sobre o que nossos algozes estão tramando e as consequências que, cedo ou tarde, se revelarão.

É triste admitir, mas alguns militares podem, sim, trair seus próprios irmãos de farda. Seduzidos pela promessa de experimentar, mesmo que por pouco tempo, um poder ilusório e inebriante. Pior ainda, podem enriquecer às custas dessa fantasia, acumulando fortunas enquanto ela persiste. Mas e depois? O que resta? Como esses homens se enxergam anos após tomar uma decisão tão drástica e definitiva?

A resposta não deixa dúvidas: qualquer pessoa com um mínimo de decência se veria como canalha. Traidores da Força. Renegados da própria honra. Foi exatamente essa escolha que o atual comandante do Exército e tantos outros generais da banda fizeram. Traíram os princípios que deveriam ter guiado suas carreiras, entregando-se ao conforto de uma ilusão.

Hoje, esses homens vivem prisioneiros de suas próprias escolhas. Como Lula, Maduro, Putin e tantos outros líderes que trilharam caminhos semelhantes, precisam desesperadamente manter suas posições a qualquer custo. Venderam suas almas, mesmo sabendo que o preço seria alto, inevitável e irreversível.

Por muito menos, eu morreria de vergonha. Porque a reputação não é algo que se possa menosprezar. E a memória dos homens de valor jamais perdoa ou esquece os atos de traição.

Se eu ainda me agarrasse às certezas que tinha aos 25 anos, certamente não estaria aqui. Mas a maturidade exige reflexão e coragem para encarar as verdades que a vida nos revela. É por isso que hoje coloco estas ideias com tamanha seriedade.

Alguém aí gostaria de conversar com uma dessas pessoas para entender como conseguem continuar pensando assim?

Walter Felix Cardoso Junior, Coronel
wfelixcjr@gmail.com