Professora que relata ofensas racistas em shopping diz que ataque prejudicou sobrinho no vestibular

Professora que relata ofensas racistas em shopping diz que ataque prejudicou sobrinho no vestibular

Uma professora e o sobrinho dela, ambos negros, se sentam em uma cafeteria, e um homem que eles não conhecem começa a xingá-los e ameaçá-los. As vítimas contam que foram ofensas racistas. Isso aconteceu há um ano e meio e o agressor nunca foi identificado, mas imagens divulgadas agora podem fazer a investigação finalmente deslanchar.

Toda essa violência interrompeu um grande sonho de Felipe, o sobrinho da Mônica.

“Ele estava vivendo o melhor momento dele para passar no vestibular de medicina. Aquilo foi tão pesado para ele que ele foi muito mal na prova”, conta a professora.

Tábata Poline: Você tinha dito que preferia ficar com a máscara, mesmo a gente tendo a possibilidade hoje de ficar sem ela. Por quê?
Mônica: Eu tenho medo dele. Um shopping é um lugar que você vai e acha que vai ficar segura naquele lugar, e que tinha segurança, só que aquela segurança não era para mim. Eu não tenho o direito de ser protegida dentro de um shopping contra alguém que nega a minha existência.

“A gente precisa romper os silêncios e trazer a visibilidade desses casos à tona”, destaca Scheila de Carvalho, advogada de direitos humanos.

“O meu lugar é onde eu quiser estar. Esse homem não vai determinar o lugar que eu tenho que estar”, afirma Mônica.

De acordo com o Ministério Público, o homem que aparece nos vídeos pode responder pelo crime de injúria racial, quando se ofende a dignidade de alguém por causa de sua raça ou cor, e também por agressão. Mas, para o processo seguir, é preciso que o homem seja finalmente reconhecido.

A Starbucks Brasil disse que compartilhou as imagens assim que elas foram solicitadas pela polícia e pela Justiça. Foi em junho do ano passado. A cafeteria citou também que o agressor dizia estar armado, causando muito medo em todos os presentes.

A Polícia Civil informou que as imagens foram analisadas e que pediu dados do cartão usado pelo suspeito no pagamento da conta. E o BarraShopping explicou que a equipe de segurança acompanhou o ocorrido atuando nos limites de sua atribuição. Perguntamos então qual seria a atribuição da segurança, mas não tivemos nova resposta.

 

Por Jornal da República em 11/04/2022
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