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Depois da mobilização de milhares de policiais, os protestos que acontecem em toda a França foram menos intensos durante a noite, disse o Ministério do Interior neste domingo (2). Manifestações e caos começaram por todo o país após adolescente de ascendência norte-africana ter tido a morte provocada pela polícia.
O governo colocou 45 mil policiais nas ruas para tentar conter a quinta noite de distúrbios após o funeral de Nahel, um jovem de 17 anos e filho de pais argelinos e marroquinos, baleado durante uma parada de trânsito na terça-feira em Paris, no subúrbio de Nanterre.
Desde então, os manifestantes incendiaram carros e saquearam lojas, mas também atacaram prefeituras, delegacias de polícia e escolas - prédios que representam o Estado francês.
O presidente Emmanuel Macron adiou uma visita de Estado à Alemanha que deveria ter começado neste domingo, para lidar com a pior crise em seu mandato desde que os protestos dos "coletes amarelos" paralisaram grande parte da França no final de 2018.
Ele deve se reunir com seus ministros na noite deste domingo para revisar a gravidade da situação, disse o gabinete da presidência, depois que a primeira-ministra afirmou na sexta-feira que a "unidade de crise" do governo foi ativada até novo aviso.
Violência policial
A morte de Nahel alimentou queixas de longa data de violência policial e racismo sistêmico dentro das instituições de aplicação da lei na França, vindas de grupos de direitos humanos. E também a alegação de que as pessoas de baixa renda nos subúrbios e os racialmente mistos que circulam pelas principais cidades da França são alguns dos que mais sofrem com a repressão. As autoridades negam isso.
Um policial reconheceu ter disparado um tiro letal, disse o promotor, afirmando aos investigadores que queria evitar uma perseguição policial, temendo que ele ou outra pessoa se machucasse. O policial envolvido está sendo investigado por homicídio voluntário.
O Ministério do Interior disse que 719 pessoas foram presas na noite de sábado, menos do que as 1.311 da noite anterior e 875 na noite de quinta-feira.
"Quarenta e cinco mil policiais e milhares de bombeiros foram mobilizados para fazer cumprir a ordem. A ação deles tornou a noite mais tranquila", disse o ministério via Twitter.
O chefe da polícia de Paris disse que é muito cedo para dizer que os protestos foram reprimidos. "Houve evidentemente menos danos, mas vamos continuar mobilizados nos próximos dias. Estamos muito focados, ninguém está reivindicando vitória", disse Laurent Nunez.
O maior ponto de conflito durante a noite foi Marselha, onde a polícia disparou gás lacrimogêneo e travou batalhas de rua com jovens no centro da cidade até tarde da noite.
A China, juntamente com algumas nações do Ocidente, alertou a seus cidadãos que fiquem em estado de vigilância devido aos protestos na França, algo que pode representar um desafio significativo para o turismo francês no pico da temporada de verão, caso os protestos aumentem em torno dos pontos turísticos do centro da cidade.
O Consulado-Geral da China apresentou uma queixa formal à França depois que um ônibus que transportava um grupo de turistas chineses teve as janelas quebradas na quinta-feira, causando ferimentos leves, informou o Escritório de Assuntos Consulares da China neste domingo.
Ataque à casa do prefeito
Em Paris, a polícia aumentou a segurança durante a noite na famosa avenida Champs Elysées da cidade depois de uma convocação nas redes sociais para que se reunissem lá. A rua, geralmente cheia de turistas, estava repleta de forças de segurança realizando verificações no local. As fachadas das lojas foram fechadas com tábuas para evitar possíveis danos.
Pelo menos um terraço de cafeteria foi esvaziado devido aos confrontos.
Houve confrontos esporádicos em outras partes do centro de Paris. A polícia da capital disse que seis prédios públicos foram danificados e cinco policiais ficaram feridos durante a noite. Cerca de 315 pessoas foram presas na cidade.
Na região metropolitana de Paris, a casa do prefeito conservador de L'Hay-les-Roses foi invadida e sua esposa e um de seus filhos ficaram feridos ao escapar. O promotor local disse que uma investigação sobre tentativa de homicídio foi aberta.
A primeira-ministra Elisabeth Borne visitou a área no domingo para fazer mais uma vez um apelo pelo fim da violência "inaceitável".
Também houve protestos na cidade mediterrânea de Nice e em Estrasburgo, no leste.
O ministro das Finanças, Bruno Le Maire, disse no sábado que cerca de 10 shoppings foram atacados e saqueados na onda de distúrbios. Ele relata que mais de 200 supermercados foram atacados, com 15 deles sendo incendiados, e também tabacarias, bancos, lojas de moda, lojas de esportes e lanchonetes fast-food foram alvos.
Desde o início da agitação, Macron - reeleito em 2022 - foi forçado a adiar sua viagem à Alemanha e deixar uma cúpula da União Europeia antes da hora. Ele pediu às plataformas de mídia social que cooperem com as autoridades para ajudar a identificar aqueles que "promovem a violência".
Enquanto ele enfrentava protestos generalizados liderados por sindicatos em um função de um aumento profundamente impopular na idade da aposentadoria e que deixou sua avaliação presidencial em frangalhos, uma revolta organizada e prolongada nas ruas, como os protestos dos Coletes Amarelos contra os altos preços dos combustíveis, poderia representar um desafio ainda maior.
Yann Wernert, da think-tank Jacques Delors de Berlim, disse que a visita adiada reforça o impacto dos protestos na capacidade de Macron de conduzir a política externa.
"A visita de Estado pode ser compensada mais tarde, mas os protestos violentos e as reações a eles também mostram como o clima político na França está carregado no momento", disse ele.
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