PT contra PT e os dois lados com candidatos indeferidos, Gil Torres é declarado inelegível por juíz

Decisão judicial acirra disputa interna no PT e deixa cenário eleitoral incerto a menos de um mês do pleito

Em uma surpreendente reviravolta no cenário político de Itaguaí, município da Região Metropolitana do Rio de Janeiro, a Justiça Eleitoral indeferiu a candidatura de Gil Torres (PRD) à prefeitura da cidade. A decisão, proferida pela juíza Bianca Paes Noto, da 105ª Zona Eleitoral, considerou Torres inelegível devido à sua cassação pela Câmara de Vereadores em 2023, quando ocupava a presidência do Legislativo municipal.

O caso ganha contornos ainda mais complexos devido à origem do pedido de impugnação. Surpreendentemente, a ação foi movida pelo Diretório Municipal do PT, mesmo com a Federação Brasil da Esperança (composta por PT, PV e PCdoB) integrando a coligação que apoiava a candidatura de Gil Torres. Esta situação inusitada expõe uma profunda divisão interna no Partido dos Trabalhadores em Itaguaí.

A juíza Bianca Paes Noto, em sua decisão, reconheceu a falta de legitimidade do PT local para pedir a impugnação, classificando a situação como "cristalina ilegitimidade". No entanto, ela não pôde ignorar o fato concreto da cassação do mandato de vereador de Gil Torres, o que fundamentou o indeferimento de sua candidatura.

Este episódio é apenas o mais recente capítulo de uma disputa que se arrasta há meses entre os petistas de Itaguaí e a cúpula estadual do PT e da Federação Brasil da Esperança. O conflito teve início quando o Diretório Municipal decidiu filiar o ex-prefeito Luciano Mota ao partido para concorrer à prefeitura, decisão que foi vetada pela direção estadual do PT.

Nos últimos dias, o PT de Itaguaí acumulou uma série de derrotas na Justiça Eleitoral em suas tentativas de manter a candidatura de Mota. A própria juíza Bianca Paes Noto indeferiu a candidatura de Mota por ele ter tido seu mandato de prefeito cassado pela Câmara Municipal em 2015. Além disso, o Tribunal Regional Eleitoral negou recurso do PT contra sentença anterior que indeferiu o registro do partido para disputar as eleições no município este ano.

Esta sequência de eventos deixa o cenário eleitoral de Itaguaí em completa incerteza a menos de um mês das eleições. Com a candidatura de Gil Torres indeferida e as tentativas do PT local de lançar candidatura própria frustradas, abre-se espaço para possíveis rearranjos políticos de última hora.

A situação também levanta questões sobre a unidade interna do PT e da Federação Brasil da Esperança, expondo divergências significativas entre as instâncias municipal e estadual do partido. Este conflito interno pode ter repercussões que vão além das eleições em Itaguaí, potencialmente afetando a estratégia do partido em outras disputas municipais no estado do Rio de Janeiro.

Enquanto os candidatos e partidos buscam se reposicionar diante deste novo cenário, os eleitores de Itaguaí aguardam ansiosos por definições. Com o prazo para substituição de candidaturas se aproximando do fim, é provável que os próximos dias sejam marcados por intensas articulações políticas e possíveis novos recursos judiciais.

A população de Itaguaí, que já enfrentava um cenário político conturbado, agora se vê diante de ainda mais incertezas. Resta saber como os atores políticos locais responderão a esta nova realidade e quais serão as opções apresentadas aos eleitores no dia 6 de outubro.

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