Quadro histórico do PSol, Eliomar Coelho deixa partido após 17 anos para se filiar no PSB

Quadro histórico do PSol, Eliomar Coelho deixa partido após 17 anos para se filiar no PSB

Da Agenda do Poder - Aos 80 anos, o deputado Eliomar Coelho assinou hoje a ficha de filiação do PSB, encerrando uma longeva militância no Psol de 17 anos. O ato, realizado em São Paulo, após a festa do partido para receber Geraldo Alckmin, contou com a participação do presidente nacional, Carlos Siqueira, e das duas principais lideranças pessebistas no Rio: os deputados Alessandro Molon e Marcelo Freixo.

Com uma bagagem parlamentar invejável – sete vezes vereador e duas deputado estadual – e reputação ilibada, ele não vai mais se candidatar. O parlamentar se convenceu de que as brigas internas do Psol dificultam a aliança das forças progressistas, que defende.

Nas redes sociais, postou nota explicando as razões da mudança.

Sete vezes vereador e duas, deputado estadual. Tenho orgulho de tudo que fiz na política, colocando meus mandatos à disposição do seguinte tripé: Escuta e presença na sociedade com incentivo aos movimentos sociais. Participação ativa, ética e combativa no parlamento e na política institucional. Construção e fortalecimento partidário.

Foram 17 anos construindo o Partido Socialismo e Liberdade, praticamente desde a fundação. Um partido com discussões acaloradas em cima de ideias, ideais e pautas por vezes escanteadas do debate político. Todos os meus mandatos no PSOL foram a serviço do partido, ajudando nas tarefas, cumprindo resoluções, apoiando as candidaturas mesmo com possíveis discordâncias pontuais. Nunca fiz parte de correntes. Acho que poucos mandatos contribuíram tanto para o fortalecimento partidário, como um todo, quanto o meu.

Porém, de uns anos pra cá, dado o fortalecimento da direita extremista no Brasil, venho defendendo uma frente mais ampla, para evitar o mal ainda pior. Vivi os piores tempos da Ditadura. Sei como é a polícia chegar no seu apartamento, levar um companheiro e ele nunca mais aparecer. Não quero nada perto disso novamente!

Entendo que o PSOL segue necessário, mas também tenho uma discordância de parte significativa que segue presa a uma lógica de disputas internas sem fim que atrapalham a busca por uma unidade maior da esquerda.

Depois de muito refletir, conversar com a equipe, parceiros políticos e acompanhar esse novo realinhamento de forças progressistas em todo o Brasil, tomei a decisão de me filiar ao Partido Socialista Brasileiro, o PSB. Um partido que, por ser grande, tem também suas contradições nacionais.

Mas tem o simbolismo de Arraes e Ariano Suassuna, dois conterrâneos nordestinos cujas histórias de vida muito me emocionam, Lídice da Mata, Janete e a família Capiberibe, e de novos quadros como Flávio Dino e Marcelo Freixo, que ajudaram a fortalecer o PSB e dar base ainda maior para apoiar Lula.

Esse meu movimento tem a ver também com os rumos tomados por Freixo e sua disposição de ser o porta-voz de um projeto para reconstruir o Estado do Rio e derrotar aqui, em seu seio, o bolsonarismo e seu filhote Cláudio Castro.

Eu e Freixo sempre fomos parceiros de primeira hora no PSOL. Natural que sigamos juntos e com a felicidade de ter também como novos correligionários meus amigos Presidente Alessandro Molon, Carlos Minc e Waldeck Carneiro. Com os dois últimos, formarei uma nova bancada na Alerj, mantendo os princípios e compromissos com os quais me elegi.

Deixo meu “xêro” muito fraterno e afetuoso aos militantes, dirigentes e parlamentares do PSOL, principalmente da atual bancada, com quem manterei a mesma relação de respeito e admiração.

Quero deixar claro que não pretendo disputar as próximas eleições. Mesmo ainda dando tudo que posso no legislativo — e quem me acompanha sabe que eu sigo presente e atuante —, acredito que temos que abrir espaço para novas gerações. Esse é meu compromisso e objetivo.

Isso não quer dizer que vou sair da política. Aos 80 anos e até onde a vida permitir, seguirei sendo um agente político em busca das transformações sociais.

Como diz um dos quase hinos do PSB, do grande Capiba: “Eu sou madeira de lei que cupim não rói”!

Por Jornal da República em 23/03/2022
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