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Projeções da ABRELPE indicam que, mantido o ritmo atual, serão necessários 55 anos para que lixões e aterros controlados sejam encerrados no país.
Na última década (2010-2019), a quantidade de resíduos sólidos urbanos (RSU) destinados a lixões e aterros controlados no Brasil cresceu 16%, passando de 25 milhões de ton/ano para pouco mais 29 milhões de ton/ano. Os dados inéditos são do Panorama dos Resíduos Sólidos no Brasil 2020, publicação da ABRELPE – Associação Brasileiras das Empresas de Limpeza Pública e Resíduos Especiais.
De acordo com a entidade, cerca de 10 milhões de ton/ano corresponde a materiais com potencial para reciclagem e recuperação, que se tivessem encaminhamento conforme as disposições da Política Nacional de Resíduos Sólidos contribuem para desacelerar o esgotamento dos recursos naturais do planeta e para a restauração dos ecossistemas, tema do Dia Mundial do Meio Ambiente (5/6).
“O encerramento e a recuperação de lixões são a melhor contribuição que o setor de resíduos pode dar para proteger o meio ambiente, melhorar as condições de saúde das pessoas e conservar recursos naturais, uma colaboração efetiva para a regeneração dos ecossistemas, que é o foco da Campanha da ONU para o Dia Mundial do Meio Ambiente de 2021”, avalia Carlos Silva Filho, diretor presidente da ABRELPE e presidente da ISWA (International Solid Waste Association).
Considerando a manutenção do cenário vigente, as projeções da ABRELPE indicam que serão necessários 55 anos para que aterros controlados e lixões sejam encerrados em todo o país.
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“A lentidão observada nos últimos 10 anos, aliada à projeção dos indicadores futuros, evidencia a extrema urgência para se viabilizar as ações necessárias para o encerramento definitivo dessas práticas medievais de destinação de resíduos, que são as principais fontes de poluição em atividade constante”, observa Silva Filho.
Entre os 2.976 lixões ainda em operação espalhados pelo País é possível encontrar dezenas de famílias que fazem do lixo o seu sustento, como acontece na Bahia e Ceará, estados que concentram unidades inadequadas para disposição de resíduos.
"Em plena crise sanitária, quantidades enormes de resíduos comuns, misturados a lixo hospitalar são garimpados por mães, pais e até crianças na tentativa de ali encontrarem seu sustento, com materiais que possam gerar alguma renda ou até mesmo servir de alimento, em situação degradante e sub humana, que deveria receber mais atenção das autoridades públicas, afinal são vidas que estão em constante perigo”, alerta o presidente da ABRELPE.
O Panorama 2020 aponta que as regiões Centro-Oeste, Nordeste e Norte ainda registram índices abaixo da média nacional de destinação adequada. Na região Norte, 79% das cidades (357 municípios) ainda encaminham seus resíduos para aterros controlados ou lixões. A região Nordeste, por sua vez, concentra o maior número de cidades com destinação irregular: 1.340 municípios (74,6%) e no Centro-Oeste, 65% dos municípios (305 cidades) encaminham seus resíduos para unidades inadequadas.
Essa situação impacta diretamente a saúde de 77,65 milhões de brasileiros, e tem um custo ambiental e para tratamento de saúde de cerca de USD 1 bilhão por ano, além de gerar uma perda econômica de R$ 14 bilhões por ano, pelo desperdício de materiais que poderiam ser reciclados e vão parar nesses locais inadequados. (Imagem: Diário do Nordeste).
Uiara Zagolin - Jornalista, Colunista. Membro da Federação Brasileira de Colunistas Sociais.
*Este texto não reflete, necessariamente, a opinião da Tribuna da Imprensa Digital e é de total responsabilidade de seus idealizadores.
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