Quem é Ronnie Lessa, que fará delação premiada sobre o assassinato de Marielle Franco

O ex-PM Élcio Queiroz ao lado do presidente Jair Bolsonaro em foto de conta de Facebook atribuída ao primeiro.

Quem é Ronnie Lessa, que fará delação premiada sobre o assassinato de Marielle Franco

Ronnie Lessa, acusado de matar Marielle Franco e Anderson Gomes

Ele fechou um acordo de delação premiada enquanto está preso em penitenciária federal de segurança máxima fora do Rio à espera do julgamento das mortes

O  ex-PM Ronnie Lessa foi preso em 2019, um ano após os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes

O ex-PM Ronnie Lessa foi preso em 2019, um ano após os assassinatos de Marielle Franco e Anderson Gomes — Foto: Pablo Jacob / Arquivo

Um exímio atirador que age com frieza. Assim é conhecido o ex-sargento da Polícia Militar Ronnie Lessa, apontado pelo também ex-PM Élcio Queiroz, em delação premiada, como sendo o atirador responsável pelas mortes de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes. Segundo o colunista do GLOBO Lauro Jardim, Lessa também fez um acordo de delação premiada para contar detalhes do crime. Com o avanço, a Polícia Federal acredita que vai concluir a investigação do caso, e chegar nos nomes do mandante, até março.

Até ser preso, em 12 de março de 2019, ele tinha a ficha limpa. Egresso do Exército, ele foi incorporado à Polícia Militar em 1992. Depois, virou adido da Polícia Civil — a prática de cessão de PMs para a corporação começou no início dos anos 2000. Trabalhou na extinta Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos (Drae), na Delegacia de Roubos e Furtos de Cargas (DRFC) e na extinta Divisão de Capturas da Polinter Sul.

Foi nessa experiência como adido que Lessa impulsionou sua carreira mercenária. Como muitos agentes na mesma situação, conhecia mais as ruas que os policiais civis. Destacou-se pela agilidade e a coragem na resolução dos casos. Nos bastidores da polícia o comentário é que essa fama chamou a atenção do contraventor Rogério Andrade, que travava uma disputa com o também contraventor Fernando Iggnácio de Miranda.

Lessa não demorou para crescer na quadrilha de Andrade e logo virou homem de confiança do contraventor. Em abril de 2010, porém, essa situação mudaria: a explosão de uma bomba no carro do bicheiro matou seu filho, Diego Andrade, de 17 anos. O atentado acabou com a credibilidade do guarda-costas junto a Rogério Andrade: ele havia falhado em proteger o chefe e seu herdeiro.

Um fator que chamou a atenção no atentado que matou o filho do bicheiro foi que o método de detonação da bomba, segundo peritos constaram, foi o mesmo usado no ataque contra Lessa, em 2009. Na ocasião, o então sargento da PM perdeu uma das pernas. De acordo com o laudo do Esquadrão Antibombas, para explodir o Toyota Corolla blindado de Andrade foi usado um dispositivo acionado à distância por meio de um celular.

Com a reforma por invalidez, Lessa deixou de ser adido, mas ainda circulava pelas delegacias da Polícia Civil, principalmente a Drae. Até que, em 2011, sabendo da migração de adidos para o mundo do crime, a Secretaria estadual de Segurança proibiu a cessão de PMs e acabou com a Delegacia de Repressão a Armas e Explosivos.

Com as portas fechadas na polícia e a experiência de ter feito parte da quadrilha de Rogério Andrade, o ex-sargento se juntou a uma organização criminosa formada por matadores de aluguel, considerada a mais temida e eficiente do Rio. Lessa batia ponto no Quebra-Mar, na Barra da Tijuca, na Zona Oeste do Rio.

Segundo relatos de quem conhece o ex-PM pessoalmente, ele não media as consequências na prática dos crimes. Habilidoso no manejo de armas, principalmente fuzis, ele é conhecido por gostar de atirar sentado e jamis retornar para sua base sem ter cumprido o que havia sido acertado com seu contratante.

VEJA QUEM O MP QUER PREMIAR PARA ACUSAR 

Ronnie Lessa, um ex-policial militar, tem um histórico de envolvimento em diversos crimes graves. Além do já mencionado assassinato de Marielle Franco e Anderson Gomes, ele acumula outras acusações criminais:

  1. Tráfico Internacional de Armas: Lessa foi condenado por tráfico internacional de armas. Em 2022, ele recebeu uma sentença de 13 anos de prisão por este crime.

  2. Envolvimento com Milícias: Ele foi identificado como líder de uma milícia do Rio de Janeiro. Sua atuação incluía o controle de um bingo clandestino na Barra da Tijuca.

  3. Tráfico de Armas e Venda Ilegal de Armas: Lessa também foi acusado de vender armas ilegalmente. Em sua posse, foram encontradas 117 peças de fuzis no dia de sua prisão em 2019. A sentença para este crime foi de 13 anos e 6 meses de prisão.

  4. Duplo Homicídio: Há acusações de um duplo homicídio cometido em junho de 2014. As vítimas foram um ex-policial e sua namorada. Esse crime estaria ligado à milícia atuante na Gardênia Azul, bairro da Zona Oeste do Rio.

  5. Outros Crimes Relacionados: Lessa também é associado a esquemas de contravenção e possui ligações com outros milicianos.

Estas informações demonstram a gravidade e a extensão das atividades criminais de Ronnie Lessa, ressaltando sua influência em várias frentes de atividades ilícitas no Rio de Janeiro.

Com informações O Extra

Por Jornal da República em 22/01/2024
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