Quem são os organizadores do Ato de 25 Fevereiro?

PT aciona MP e diz que ato de Bolsonaro pode virar novo 8 de Janeiro.

Quem são os organizadores do Ato de 25 Fevereiro?

Alvo da Polícia Federal na Operação Tempus Veritatis, o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) resolveu dar uma cartada: convocar um ato em defesa dele para o próximo dia 25/02, um domingo, na Avenida Paulista, em São Paulo.

A manifestação está sendo organizada pelo chamado núcleo duro do ex-presidente. Entre os organizadores estão os filhos de Bolsonaro e o pastor evangélico Silas Malafaia.

Outros organizadores da manifestação são o ex-ministro da Secretaria da Comunicação Social da Presidência (Secom) Fabio Wajngarten e o deputado federal Zucco (PL-RS).

Ao Estadão, o senador Ciro Nogueira (PP-PI), que foi ministro da Casa Civil na gestão de Bolsonaro, disse que vai comparecer ao evento. Quem também confirmou presença foi o deputado federal Ricardo Salles (PL-SP), que na gestão passada chefiou o Ministério do Meio Ambiente e foi um dos protagonistas nas polêmicas envolvendo questões ambientais, principalmente fora do País.

Outros dois ex-ministros que agora são senadores estarão presentes: Jorge Seif (PL-SC) e Marcos Pontes (PL-SP). Seif chefiava a Secretaria de Pesca e Aquicultura, enquanto o astronauta Pontes comandou a Ciência e Tecnologia.

Alvo de uma operação da PF no mês passado, o deputado federal Carlos Jordy (PL-RJ), que é líder da Oposição na Câmara dos Deputados, é um dos principais aliados que estarão no evento. Ele foi alvo da 24ª fase da Operação Lesa Pátria, que investiga os responsáveis por planejar, incitar e executar os atos antidemocráticos de 8 de Janeiro. O parlamentar entrou na mira da PF após serem encontradas mensagens trocadas com uma liderança extremista responsável por organizar bloqueios de estradas no interior do Rio após as eleições de 2022. Ele negou as acusações e disse que a ação policial foi uma “perseguição”.

Lideranças do partido do ex-presidente no Congresso Nacional também afirmaram que irão para o ato. É o caso do líder do PL na Câmara, Altineu Côrtes (RJ) e do líder no Senado, Carlos Portinho (RJ).

O presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária (FPA), Pedro Lupion (PP-PR) afirmou à reportagem que vai compor a lista de aliados de Bolsonaro na Paulista. A FPA possui 324 deputados e 50 senadores e cultivou uma proximidade com Bolsonaro no governo anterior.

Em contrapartida, a bancada do agro travou embates com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) no ano passado, consolidando a maior derrota do governo até então, quando foi aprovado o marco temporal das terras indígenas.

A lista de confirmados inclui também outros parlamentares que integram o núcleo duro do bolsonarismo, como os deputados Nikolas Ferreira (PL-MG), Carla Zambelli (PL-SP), Marcos Pollon (PL-MS), Pastor Marco Feliciano (PL-SP), Bia Kicis (PL-DF) e o senador Magno Malta (PL-ES).

Em reunião sobre a organização do ato no dia 15, o deputado Zucco disse que governadores aliados de Bolsonaro devem participar da manifestação. Até o momento, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas, o governador de Goiás, Ronaldo Caiado e o governador de Santa Catarina, Jorginho Mello.

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes, disse em uma coletiva no dia 16 que dividirá o trio elétrico com o ex-presidente.

(Bolsonaro) Deve me apoiar, portanto, evidentemente, eu preciso ser solidário e parceiro”, disse o prefeito que deve ter a candidatura à reeleição apoiada pelo ex-chefe do Executivo e pelo PL.

Não poderá ir até a Paulista

Partido Liberal não irá auxiliar na organização do ato

Luciano Hang, governadores bolsonaristas e Damares Alves serão desfalques

Dois governadores bolsonaristas vão desfalcar a comitiva de Bolsonaro no ato. Gladson Cameli, governador do Acre pelo Partido Progressista, disse que estará participando de um evento no Oriente Médio e não poderá ir até a Paulista. O chefe do Executivo de Roraima, Antonio Denarium (PP) também não vai comparecer por conta de compromissos no interior do Estado.

Luciano Hang, empresário e dono da rede de lojas Havan que se tornou uma figurinha carimbada das manifestações bolsonaristas, não vai participar do evento. Conhecido por trajar ternos verde e amarelo e fazer diversas aparições públicas com o ex-presidente, Hang disse que, desde o término do segundo turno das eleições de 2022, está “100% focado em suas atividades empresariais, e assim continuará, sem participar de agendas políticas”.

A ex-ministra da Mulher e atual senadora pelo Distrito Federal Damares Alves (Republicanos), que disse ter agendas oficiais para o dia da manifestação e que não pode desmarcar os compromissos. Damares foi um dos principais personagens que auxiliaram a pavimentar o bolsonarismo com questões de ordem ideológica.

O ex-multiministro Onyx Lorenzoni, que ocupou a chefia de quatro pastas entre 2019 e 2022, disse que está fazendo pós-graduação em Portugal e que o período coincide com avaliações e provas do curso, que é presencial, e por isso não poderá vir ao Brasil apoiar o antigo chefe.

Teve também quem preferiu silenciar. Quando questionado se participaria ou não do evento, o ex-ministro da Justiça do início do governo Bolsonaro e ex-juiz da Lava Jato Sérgio Moro disse que não vai se manifestar.

Chama a atenção que, apesar da relevância para a direita, o Partido Liberal não irá auxiliar na organização do ato. A informação foi confirmada pela assessoria do próprio partido.

Perguntas não esclarecidas:

Qual o CPF ou CNPJ que pediu o licenciamento para paralisar a Av. Paulista? 

Quem será responsável pela escolha dos seguranças de convidados e participantes, o Governador ou o Prefeito?

Os seguranças que protegerão os convidados para se livrar de atentados, serão divulgados os nomes?

PT (Partido dos Trabalhadores) apresentou representação ao MPE (Ministério Público Eleitoral)

O PT (Partido dos Trabalhadores) apresentou representação ao MPE (Ministério Público Eleitoral) do Estado de São Paulo em que diz que a manifestação convocada pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) na av. Paulista, no domingo (25.fev.2024), pode vir a ser um novo 8 de Janeiro.

No documento apresentado na 2ª feira (19.fev), o partido pede medidas de prevenção e investigação de “eventuais crimes” que possam ser cometidos contra o Estado Democrático de Direito e de eventual propaganda eleitoral antecipada e financiamento irregular dos atos. 

Da Editoria Última Hora/ Ascom / Imagem: Redes Sociais

Por Jornal da República em 21/02/2024
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