Representante da Davati diz que pedido de propina veio do ‘grupo do coronel Blanco’

'Sincericida', Cristiano Carvalho escancara esquema de corrupção em toda 'cadeia de comando do Ministério da Saúde', como enfatizou senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP)

Representante da Davati diz que pedido de propina veio do ‘grupo do coronel Blanco’

Na foto (reprodução), o Tenente-Coronel Marcelo Blanco

 

DA REDAÇÃO - Só existem duas formas de não ver militares sendo acusados em escândalos de corrupção. Uma, é não se corrompendo e a outra, é deixar as Forças Armadas atuando somente dentro das suas atribuições constitucionais e não insistindo em tutelar a vida política nacional. 

É coronel, tenente-coronel, sargento reformado, major, cabo da PM e até reverendo o elenco apresentado pelo representante de vendas da Davati no Brasil, Cristiano Carvalho, que afirmou à CPI da Covid, nesta quinta-feira (15), que o pedido de propina relativo à compra da vacina da Astrazeneca partiu do “grupo do coronel Blanco”. O tenente-coronel Marcelo Blanco, então assessor do Departamento de Logística do Ministério da Saúde, esteve presente no jantar com então diretor de Logística, Roberto Dias, que teria pedido propina de US$ 1 por dose de vacina.

Segundo Cristiano Carvalho, o pedido de propina para a compra de vacinas, que os envolvidos chamariam de “comissionamento”, teria partido do “grupo do coronel Blanco” e de “Odilon”, que teria apresentado o representante da Davati Medical Supply no Brasil, Luiz Paulo Dominghetti ao coronel Blanco.

Em seu depoimento, Carvalho diz ainda que a informação do “comissionamento” teria sido passada por Dominguetti após o jantar de com representantes do Ministério da Saúde. Carvalho, porém, acrescentou que não participou do jantar.

Citado em quase todos os depoimentos, o coronel Elcio Franco com E, porque agora apareceu um outro com H, também coronel, também foi citado por Cristiano o que provocou reações diversas nos membros da Comissão como o presidente da CPI Omar Aziz (PSD-AM). “Estamos discutindo algo muito mais grave. Que a Davati não tem uma vacina para vender nós já sabemos. O coronel Elcio Franco ainda está no gabinete do presidente. Ele não está mais no ministério, não. Ele está lá no gabinete do presidente. Um cidadão como Elcio Franco não pode estar mais na antessala do presidente”, apelou aos governistas Aziz.

Já o senador Rogério Carvalho (PT-SE) usou um tom irônico, mas não menos inddignado pela revelação diária de militares envolvidos em denúncias de corrupção. “tem o coronel Boechat, que era coordenador de Planejamento do Ministério da Saúde, coronel Guerra, coronel Blanco, Élcio Franco, agora Helcio Bruno… ou seja, temos uma associação de vários coronéis em torno dessa operação tabajara”. 

Ainda durante a oitiva na CPI da Covid, o representante da Davati afirma que ficou “incrédulo” com os contatos de Roberto Ferreira Dias. De acordo com ele, Dias buscou contato no dia 3 de fevereiro deste ano, por meio de mensagens e ligações.

Dias se apresentou como diretor de Logística do Ministério da Saúde. “Eu estava incrédulo que um funcionário do Ministério da Saúde estava entrando em contato comigo”, relatou Carvalho. “Fui até checar na internet se ele era diretor mesmo, achando que poderia ser fake news, mas verifiquei que ele era mesmo funcionário do governo”, acrescentou.

Segundo a testemunha da CPI, Dias, no telefonema do começo de fevereiro, queria informações sobre como a vacina poderia chegar ao Brasil. “Meu contato com ele sempre foi sobre comércio exterior, transporte internacional. Roberto Dias perguntou sobre preço, mas nunca disse sobre favorecimento. Foi algo sempre profissional”, disse ele. (Com Rede Brasil Atual)

Por Jornal da República em 15/07/2021
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