RIO NÃO É PARA AMADORES: Máquina de fazer cigarro de 5 t é furtada de dentro da Cidade da Polícia

Caso é investigado pela corregedoria da corporação desde novembro do ano passado

RIO NÃO É PARA AMADORES: Máquina de fazer cigarro de 5 t é furtada de dentro da Cidade da Polícia

RIO – Uma máquina industrial usada na produção de cigarros, que pesa quase seis toneladas, foi furtada de dentro da Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio. O caso aconteceu em fevereiro do ano passado, semanas após o equipamento ter sido vendido em leilão promovido pelo poder público. A Corregedoria da Polícia Civil investiga o furto desde novembro.

De acordo com a investigação, 50 agentes da especializada que trabalharam na Cidade da Polícia naquele dia foram ouvidos, mas nenhum deles teria presenciado a retirada do maquinário de galpão usado pela corporação.

O equipamento de seis metros, capaz de produzir 2.500 cigarros por segundo, havia sido apreendido durante uma ação em novembro de 2022. O maquinário, que pesa quase seis toneladas, era usado em uma fábrica ilegal de cigarros paraguaios estourada pela Polícia Civil em Duque de Caxias, Baixada Fluminense.

A produção era feita por 23 imigrantes do Paraguai mantidos em situação análoga à escravidão. À época, o grupo foi resgatados por agentes da Divisão de Crime Organizado e à Lavagem de Dinheiro (DCOC) e da Delegacia de Defesa dos Serviços Delegados (DDSD) que participaram da ação. 

Após a ação, o equipamento foi levado para o depósito da Polícia Civil, na Cidade da Polícia, de onde foi furtado, cerca de três meses depois. A investigação da corporação sobre o desaparecimento, contudo, só começou em junho, quatro meses depois, porque um oficial de justiça, contratado pela empresa compradora do maquinário, tentou conferir a situação em que ele se encontrava.

Sem avanço, o caso foi parar na Corregedoria da Corporação em novembro de 2023. Desde então, o destino do equipamento ainda é investigado pela corporação.

De acordo com a Polícia Civil, a instituição assim que a corporação teve ciência da ocorrência, foi determinado que a Corregedoria-Geral instaurasse inquérito para identificar e responsabilizar os envolvidos, bem como esclarecer as circunstâncias do fato. A investigação está em andamento.

A Polícia Civil ainda “reforça que não compactua com nenhum tipo de desvio de conduta e atividade ilícita, reiterando seu compromisso de combate ao crime em defesa da sociedade. Todos os envolvidos serão punidos no rigor da lei.”

Além disso, a instituição esclareceu que o uso de câmeras de monitoramento será retomado em breve em toda a área da Cidade da Polícia, incluindo depósitos de apreensões.

2,5 mil cigarros por minuto

Todo o material apreendido, entre eles, a máquina modelo MK8 PA7, usada na fabricação dos cigarros, foi levado para ser guardado com a Delegacia de Cargas. Um equipamento valioso à indústria do cigarro, capaz de produzir 2,5 mil cigarros por minuto.

A máquina ficou bem guardada lá por pouco mais de sete meses. Por determinação da 3ª Vara do Trabalho de Caxias, onde tramita o processo, ela foi vendida em um leilão. Parte do valor da venda seria revertido para projetos sociais.

Máquina de produzir cigarro — Foto: Reprodução/TV Globo

Máquina de produzir cigarro — Foto: Reprodução

O leilão aconteceu no dia 8 de fevereiro do ano passado. A empresa que venceu a disputa online, a Indústria Amazônica de Cigarros Ltda, comprou o equipamento por R$ 550 mil.

No entanto, uma semana depois, na madrugada do dia 17 de fevereiro, uma quinta-feira véspera de carnaval, a máquina foi furtada.

O sumiço só foi descoberto em junho, quando um oficial de Justiça esteve na Cidade da Polícia, na companhia do representante da empresa vencedora para verificar as condições do bem comprado.

Ao chegarem ao depósito, não encontraram a máquina.

Imagem aérea da Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução/TV Globo

Imagem aérea da Cidade da Polícia, no Jacaré, Zona Norte do Rio — Foto: Reprodução

Em novembro, nove meses após o furto, a Corregedoria da Polícia Civil instaurou um inquérito.

A investigação interrogou quase 50 pessoas – todos os policiais que estavam de plantão na portaria da Cidade da Polícia durante o carnaval foram ouvidos.

Ninguém viu qualquer movimentação que pudesse explicar a ação dos criminosos.

A investigação acredita que o autor do furto seja alguém com acesso ao depósito, porque o local fica trancado e poucas pessoas têm as chaves.

Outra conclusão do inquérito é que os criminosos teriam usado um caminhão do tipo Munck, que além da carroceria tem um equipamento parecido com um guindaste para içar peças pesadas, como a máquina que foi furtada.

A conclusão é que o furto não foi uma operação simples, nem silenciosa, e que precisou de mais de uma pessoa envolvida na operação.

 

Por Jornal da República em 21/03/2024
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