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O favorito Hugo Motta (Republicanos-PB), candidato de Lira, enfrenta o psolista Pastor Henrique Vieira e van Hattem, do Novo; colegiado vota em 1º de fevereiro
Da esquerda para direita: van Hatten (Novo), Motta (Republicanos) e Pastor Henrique Vieira (Psol) disputam o posto mais alto da Câmara
A disputa pela presidência da Câmara dos Deputados no biênio 2025-2026 ocorrerá no sábado (1º.fev.2025) com 3 concorrentes: Hugo Motta (Republicanos-PB), Pastor Henrique Vieira (Psol-RJ) e Marcel van Hattem (Novo).
Motta é apoiado por 18 partidos, inclusive pelo PP do atual presidente Arthur Lira (AL). A candidatura era tida como única até os últimos dias de novembro, quando o Psol lançou o nome de Henrique Vieira para concorrer. Também em oposição ao atual presidente da Câmara, o Novo lançou van Hattem na 2ª feira (27.jan), a 5 dias do pleito. A legenda era a única que não havia declarado apoio a nenhum candidato.
Para ser eleito, o candidato à presidência da Câmara precisa receber a maioria absoluta de 257 votos no 1º turno ou ser o mais votado no 2º turno. O voto é secreto. A gestão tem duração de 2 anos, com chance de reeleição.
QUEM É HUGO MOTTA
Hugo Motta, de 35 anos, nasceu em João Pessoa, capital da Paraíba. É formado em medicina pela Faculdade Nova Esperança e pela Universidade Católica de Brasília. Elegeu-se deputado federal em 2010 e está no 4º mandato consecutivo na Casa Baixa.
De família de políticos, seu pai, Nabor Wanderley (Republicanos) é prefeito de Patos, na Paraíba, a 4ª maior cidade do Estado e seu principal reduto eleitoral. Sua avó materna, Francisca Motta (Republicanos), também foi prefeita do município e está no 5º mandato como deputada estadual.
Motta entrou na política em 2010, quando se elegeu deputado federal aos 21 anos pelo PMDB (atual MDB). Foi, à época, o deputado mais jovem já eleito.
Em 2015, presidiu a CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) da Petrobras. Durante as primeiras legislaturas, foi aliado do ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha. Em 2016, votou a favor da instauração do processo de impeachment contra Dilma Rousseff (PT).
Já no governo de Michel Temer (MDB), disse “sim” à PEC (Proposta de Emenda à Constituição) do teto de gastos públicos. No ano seguinte, votou favoravelmente ao PL (Projeto de Lei) da Reforma Trabalhista.
Em agosto de 2017, votou para blindar Temer e não autorizar o STF (Supremo Tribunal Federal) a abrir um processo criminal por crime de corrupção passiva contra o então presidente.
No ano seguinte, migrou para o PRB (atual Republicanos). Em 2021 foi relator da PEC dos precatórios, que abriu espaço no orçamento durante o governo de Jair Bolsonaro (PL) para ampliar gastos com o Auxílio Brasil.
Já no governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Motta foi líder da bancada do Republicanos em 2023 e 2024. Orientado pelo paraibano, o partido votou alinhado com os petistas em duas das votações mais importantes no final de 2024: a regulamentação da Tributária e os projetos de lei do Corte de Gastos.
O partido comanda o ministério de Portos e Aeroportos e deve ganhar novas indicações na reforma ministerial. O presidente do Republicanos, Marcos Pereira, é cotado para assumir o MDIC (Ministério do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviços).
Pereira era, inclusive, o candidato do Republicanos à presidência da Câmara em um primeiro momento. Disputava com Elmar Nascimento (União Brasil-BA) e Antonio Brito (PSD-BA).
Em uma guinada estratégica, o cacique desistiu da corrida em prol de Motta, que angariou apoio do Planalto e do próprio Lira– de quem é amigo próximo. Elmar e Brito também abriram mão das próprias candidaturas em apoio ao deputado paraibano.
Ao todo, Hugo Motta tem o apoio de 18 partidos, que totalizam 495 votos: PL (93), PT (67), União Brasil (59), PP (50), MDB (44), Republicanos (44),PSD (44), PDT (18),PSB (14), Podemos (14), Psdb (13) PCdoB (8), Avante (7), PV (5) PRD (5), Solidariedade (5), Cidadania (4), e Rede (1).
Somente o Psol e o Novo, com candidatos próprios, não declaram apoio ao deputado paraibano. O deputado federal Chiquinho Brazão (sem partido-RJ) não deve votar nas eleições da Câmara, segundo a defesa.
Brazão é investigado pelo assassinato da vereadora Marielle Franco (Psol) em 2018. Está preso na Penitenciária Federal de Campo Grande.
QUEM É HENRIQUE VIEIRA
Henrique Vieira, de 37 anos, nasceu em Niterói. É graduado em Ciências Sociais pela UFF (Universidade Federal do Fluminense), em Teologia pela Faculdade Batista do Rio de Janeiro e em História pela Universidade Salgado de Oliveira. É autor de 4 livros: “O Amor como Revolução” (2018); “O Monge e o Pastor” (2020); “Jesus da Gente” (2022); e “Sobre o Amor” (2022).
Vieira é pastor evangélico pela Igreja Batista do Caminho. Também é ator e cantor, tendo participado do filme “Marighella” (2019) e do álbum “AmarELO” (2019), do rapper paulistano Emicida.
Filiou-se ao Psol em 2007 e foi vereador pelo partido em Niterói de 2013 a 2016. Está no seu 1º mandato como deputado federal e atua como vice-líder do governo e da federação Psol/Rede na Câmara dos Deputados. O pastor conta com o apoio do seu partido, que totaliza 13 deputados federais.
Em novembro de 2024, o Psol apresentou a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) que propõe o fim da escala 6 X 1. O tema tomou o debate público e alcançou as assinaturas necessárias para tramitar na Câmara. A proposta se tornou o carro-chefe da legenda e alçou a popularidade da bancada.
Além dessa pauta, a candidatura de Vieira se sustenta contra a PEC da Anistia, que busca isentar os presos pelo 8 de Janeiro. O PL, do ex-presidente Jair Bolsonaro, teria condicionado o apoio a Motta à tramitação do texto.
Nas redes sociais, o pastor Henrique Vieira é endossado por figuras como Erika Hilton (Psol-SP), autora da PEC contra a escala 6 X 1 e por Guilherme Boulos (Psol-SP), que perdeu o 2º turno das eleições municipais em São Paulo.
QUEM É MARCEL VAN HATTEM
Nascido em São Leopoldo (RS), Marcel van Hattem, de 39 anos, é cientista político e jornalista.
É formado em Relações Internacionais pela UFRGS (Universidade Federal do Rio Grande do Sul) e mestre em Ciência Política pela Universidade Leiden (Holanda) e em Jornalismo, Mídia e Globalização pela Universidade Arhaus (Dinamarca) e pela Universidade de Amsterdã (Holanda).
Foi vereador em Dois Irmãos (RS) de 2005 a 2008 e deputado estadual de 2015 a 2018 pelo PP (Partido Progressista). Em 2018, filiou-se ao Novo, lançando a sua candidatura à Câmara dos Deputados no mesmo ano. Foi eleito com 349.855 votos.
Durante o 1º mandato, foi líder do Novo na Casa Baixa em 2019. Em entrevista ao Poder360 naquele ano, disse que a legenda era “independente”, apesar de “contribuir com o governo” do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) em pautas de interesses “similares”, como em temas econômicos.
Em 2021, o Novo se declarou um partido de oposição ao governo Bolsonaro. Já em 2022, liberou filiados no 2º turno das eleições, mas se posicionou contra o PT (Partido dos Trabalhadores) do então candidato Luiz Inácio Lula da Silva.
Foi reeleito deputado federal em 2022. No ano seguinte, foi vice-presidente da Oposição na Câmara. Como mostrou o Poder360, a bancada do Novo teve uma das menores taxas de governismo–menor, inclusive, que a do PL de Bolsonaro. Em meados de 2024, votaram com o governo em apenas 23,9% das vezes. Já o PL, em 29,2%.
Em 2024, van Hattem foi alvo de um inquérito da PF (Polícia Federal) por exibir uma foto e fazer críticas ao delegado Fábio Schor, que está à frente das investigações sobre a suposta tentativa de golpe de Estado em 2022.
Durante uma fala na tribuna, o deputado gaúcho expôs o rosto do policial e o acusou de fazer “relatórios fraudulentos” para manter o ex-assessor de Bolsonaro, Filipe Martins, preso. A corporação chegou a pedir que o congressista prestasse depoimento, mas van Hattem se recusou, alegando que não obedecerá “ordens ilegais”.
A situação causou estranhamento entre a PF e a Câmara. O presidente Arthur Lira defendeu van Hattem e o deputado federal Cabo Gilberto Silva (PL-PB), que também fez críticas a Schor e foi investigado.
Em discurso em tom firme, Lira defendeu que a tribuna é “inviolável” e que o Congresso “não é, e não pode ser, alvo de ingerências externas que limitem o exercício pleno do mandato”. Dias depois, o ministro da Justiça, Ricardo Lewandowski, disse que a imunidade parlamentar não se estende a crimes contra a honra. A fala se deu durante a oitiva do ministro na Comissão de Segurança Pública da Câmara, ao ser questionado por van Hattem.
Na mesma sessão, o deputado gaúcho protagonizou um embate com o diretor-geral da PF, Andrei Rodrigues. Disse que o policial era um “prevaricador” e o desafiou a prendê-lo ao fazer novas críticas a Fábio Schor.
Em janeiro, van Hattem foi um dos 13 deputados federais a integrar a missão oficial que atendeu à posse do presidente dos EUA, Donald Trump. Ele e ao menos 26 outros congressistas da oposição tiveram que assistir à cerimônia da televisão de um hotel, já que o evento teve que ser transferido para a Rotunda do Capitólio. Os deputados afirmam que custearam a viagem com verbas próprias.
A candidatura de van Hattem à presidência da Casa Baixa foi anunciada como uma “opção para a oposição”. Este jornal digital apurou que o Novo tem procurado deputados dissidentes de bancadas que declaram apoio a Hugo Motta, prometendo pautar temas como a PEC da Anistia. Esse tema, central para a oposição, foi a condição para que o PL embarcasse na candidatura do indicado por Lira.
“Não há clareza sobre quais propostas da oposição serão de fato implementadas por Hugo Motta se, de fato, for eleito. E quando alguém tem apoio do PT eu tenho automaticamente o pé atrás”, disse Marcel van Hattem no lançamento da candidatura.
Fonte Poder360
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