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Há leis humanas que punem comportamentos criminosos, portanto não dependendo da suposta moralidade pregada por religiosos
Por WALTER FILHO - promotor de Justiça
Sempre escuto em debates o seguinte: “Se Deus não existe, tudo é permitido”. Com essa expressão, os intolerantes religiosos justificam a obrigatoriedade da crença em um ser superior, ou seja, é preciso acreditar em um deus para se conduzir na trilha do bem.
Não é bem assim que as coisas funcionam. Existem leis humanas que vedam determinados comportamentos com punição para quem violar as regras — crimes são tipificados.
Os costumes, as tradições, o bom senso, a piedade natural e tantos outros apegos nos impedem da prática de atos contrários ao bem-estar coletivo. Na contramão desses atributos, os radicais religiosos praticam atos sanguinários como imposição da fé propagada pelo grupo.
Se você não pensa igual a eles, é visto como inimigo – a liberdade de escolha é algo satânico e o liberto deve morrer. Na verdade, os depravados tentam esconder seus verdadeiros e inconfessáveis deleites sob o manto das ações criminosas.
Líderes religiosos fazem previsões alarmistas para um mundo sem Deus |
Ao olharmos para países de maioria ateísta, percebemos a tolice da frase inicial. Temos como exemplo Noruega e Dinamarca, onde as taxas de crimes são insignificantes, além de serem nações altamente desenvolvidas e destacadas no relatório da ONU que aponta o Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) pelo mundo.
Os serviços de saneamento ambiental atendem todas as residências da Dinamarca — 80% de seus habitantes são ateus. Dois anos atrás, a Noruega estava no topo do ranking como nação mais desenvolvida do planeta, tendo 72% de ateístas.
Os religiosos intransigentes querem punição para estes povos e para quem não acreditar em Deus. São criaturas que instauram em suas consciências a monarquia absoluta. A paixão avassaladora gera nestes indivíduos o fanatismo, um pesadelo que atormenta todos nós.
Podemos não amar as pessoas, mas somos obrigados a respeitá-las; assim, teríamos um mundo melhor para vivermos. Enquanto a humanidade não tiver uma visão sarada da divindade, o mundo vai continuar chorando os morticínios — é o perigo da vitória dos doentes.
> Esse texto foi publicado originalmente no "O Povo Online".
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