Assine nossa newsletter e fique por dentro de tudo que rola na sua região.
O Mutismo Seletivo é um Transtorno de Ansiedade que acomete crianças bem pequenas, geralmente com início entre os 2 e 5 anos de idade e caracteriza-se por uma incapacidade de falar em alguns locais, em algumas situações e com algumas pessoas, inclusive da própria família.
O emudecimento é ocasionado pelo grau de ansiedade, medo e vergonha que a criança vivencia. Essas emoções paralisam a voz e seu comportamento não-verbal.
De acordo com a Dra. Natasha Ganem, Psiquiatra Adulto e Infanto-Juvenil e Fundadora da Associação Brasileira de Mutismo Seletivo e Ansiedade Infantil ( ABRAMUTE), além de emudecer, as crianças afetadas pelo mutismo geralmente apresentam algumas outras dificuldades de socialização.
“Normalmente elas também apresentam dificuldades em olhar nos olhos, sorrir e ir ao banheiro, comer na escola, brincar e explorar novos ambientes, ou seja, a percepção dessas crianças é que estão sendo observadas constantemente, e por isso, seus movimentos ficam paralisados sempre que se sentem expostas”, comenta.
Jairo Rodrigues: Dra. Há alguma pesquisa que aponte o número de crianças hoje com esse tipo de transtorno? Dra. Natasha Ganem: Sua prevalência atualmente é de 1 a 140 crianças em idade pré-escolar e entende-se que o mutismo seletivo pode ser um transtorno subdiagnosticado, ou seja, ele faz sofrer a quem o sente sem necessariamente externizar sintomas como o TDAH ou TOD. Em sala de aula por exemplo, esse é o aluno que não dá trabalho ao professor, e por isso muitas vezes não é visto.
Jairo Rodrigues: Então é um transtorno que pode ser confundido com timidez por exemplo?
Dra. Natasha Ganem: Não só com a timidez, mas também com retraimento, traços de temperamento que muitas vezes são compartilhados pelos pais. Às vezes a falta de repertório social dos pais acaba corroborando e reforçando o emudecimento.
A psiquiatra aponta também a falta de conhecimento do transtorno pelos próprios profissionais de saúde. “Muitas vezes, uma criança que consegue ser vista, que consegue ser levada até o profissional ganha um diagnóstico de TEA ou até é rotulado como tímido, porque aquele profissional não tem o conhecimento sobre a patologia. As frases ‘Vai passar’, ‘É só uma fase’, ‘Cada criança tem seu tempo’, ‘Isso é birra, quando ela quiser, ela fala’, são nocivas e banalizam um transtorno sério e grave”, aponta a médica.
Jairo Rodrigues: Isso impacta inclusive na vida social da criança ne?
Dra. Natasha Ganem: O Mutismo seletivo é tão grave que se não abordado adequadamente e a tempo, a consolidação do emudecimento se perpetua e a criança nao treina habilidades sociais importantíssimas para o convivio social na adolescência e vida adulta. Acaba com prejuízos importantes que impactam diretamente em seu círculo social, obtenção de empregos, ascensão profissional, construção relacionamentos conjugais e de rede social. Aumenta risco de depressão e suicídio, outros transtornos ansiosos, além do uso de drogas com intuito inicial de desinibição.
“Reconhecimento e tratamento precoce salvam essas crianças de uma infância que lhes é roubada. Mutismo seletivo tem cura! Olhemos para as nossas crianças”, conclui Dra Natasha.
Sobre a entrevistada: Dra Natasha Ganem, Médica Psiquiatra adulto e infantojuvenil e fundadora da Associação Brasileira de Mutismo Seletivo e Ansiedade Infantil (ABRAMUTE).
CRM: 52-877000
RQE: 41418
Para conhecer mais sobre o trablalho desenvolvido pela Dra Natasha acesse seu perfil nas redes sociais: @dra.psiquiatra/ @abramute_org e o site: www.abramute.org
Nenhum comentário. Seja o primeiro a comentar!