Shopping em Botafogo diz NÃO ao Racismo: Uma Nova Era de Conscientização

Iniciativa pioneira une forças para combater a discriminação racial no comércio carioca

Em uma manhã ensolarada no coração de Botafogo, testemunhei um momento histórico que me encheu de esperança para o futuro de nossa nação. Como diria o saudoso Nelson Mandela, "A educação é a arma mais poderosa que você pode usar para mudar o mundo", e foi exatamente isso que presenciei no lançamento da campanha "Neste Local não tem Racismo" no Botafogo Praia Shopping.

O evento, que contou com a presença do incansável Carlos Minc, representando a Comissão do Cumpra-se! da Alerj, além de um investigador da Decradi e do presidente da Comissão de Defesa dos Direitos do Negro, Negrogun, marcou um ponto de virada na luta contra o racismo em nossos espaços comerciais.

Recordo-me com pesar do incidente ocorrido há alguns meses neste mesmo shopping, onde uma loja exibia bonequinhos brancos "bonitinhos" ao lado de um boneco de macaco preto. Foi o olhar atento do professor de História Moisés Machado que trouxe à tona esta cena deplorável, expondo-a nas redes sociais e catapultando-a para os holofotes da mídia nacional.

A Decradi (Delegacia de Crimes Raciais e Delitos de Intolerância) foi acionada, e a equipe liderada por Lorrama Machado e Daniel Vargas realizou um trabalho exemplar, convencendo não apenas a direção deste shopping, mas de outros sete estabelecimentos, a promover workshops de conscientização contra o racismo para seus lojistas.

O resultado deste esforço conjunto é visível a partir de hoje. Os espaços comuns de oito shoppings, além de lojas cujos proprietários demonstraram maior sensibilidade à causa, ostentarão orgulhosamente o logo/adesivo criado pelo talentoso artista Rollo, proclamando: "Neste Local não tem Racismo".

Este não é apenas um adesivo, mas um símbolo de mudança, um compromisso com a igualdade. Como bem observou Martin Luther King Jr., "A injustiça em qualquer lugar é uma ameaça à justiça em todo lugar". Estamos testemunhando o nascimento de uma consciência antirracista que vai além das respostas superficiais e das desculpas evasivas.

Muitas vezes, quando confrontadas com casos de racismo, as empresas tentam se eximir da responsabilidade, alegando que o incidente foi causado por uma firma de segurança terceirizada ou que o funcionário responsável já foi afastado. No entanto, o que vemos hoje é diferente. É uma mudança profunda de atitude, um compromisso real com a transformação.

Este evento inspirador levará o mandato de Carlos Minc a propor alterações na Lei Antirracista, incluindo a obrigatoriedade de programas de educação antirracista como medida preventiva contra futuros incidentes deploráveis.

Esta iniciativa é prova viva desse esforço coletivo, dessa perseverança na luta por uma sociedade mais justa e igualitária.

Que este seja apenas o começo de uma nova era no combate ao racismo em nossos espaços públicos e comerciais. Que possamos, em um futuro próximo, olhar para trás e ver este dia como o ponto de partida de uma transformação profunda em nossa sociedade.

Afinal, como nos ensinou o grande Darcy Ribeiro, "Fracassei em tudo o que tentei na vida. Tentei alfabetizar as crianças brasileiras, não consegui. Tentei salvar os índios, não consegui. Tentei fazer uma universidade séria e fracassei. Tentei fazer o Brasil desenvolver-se autonomamente e fracassei. Mas os fracassos são minhas vitórias. Eu detestaria estar no lugar de quem me venceu".

Que sejamos todos vitoriosos nesta luta contra o racismo, mesmo que através de aparentes fracassos iniciais. O importante é persistir, educar e transformar.

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