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É notável que a recente estratégia adotada pelo Governo Federal, por meio da Secretaria de Aviação Civil - SAC - e ANAC, fortalecendo os voos pelo Aeroporto Santos Dumont (SDU), que historicamente estava vocacionado somente a ponte aérea Rio/SP, tem ampliado, de forma contínua, o número de voos naquele aeroporto e consequentemente esvaziando o Aeroporto Internacional do Galeão (GIG), que com isso tem perdido a sua conectividade com o resto do país e consequentemente também a capacidade de funcionar como hub, atraindo voos internacionais com partidas e chegadas.
Ao mesmo tempo este processo está impactando negativamente a questão da movimentação de carga aérea para o Rio de Janeiro, já que grande parte da carga industrial utilizada pelo chamado TECA (Terminal de Cargas) chegar através da conhecida "barriga de avião".
Um dos argumentos que se coloca para tentar justificar essa limitação de alocação de voos no Galeão, que acaba sendo na pratica um jogo de “empurra”, é a questão de uma eventual restrição de acessibilidade ao aeroporto do Galeão que está localizado na Ilha do Governador. Logicamente há processos de claros enfrentamentos dessa tese questão com investimentos que não são tão relevantes e com implantação em curto e médio prazo e que esse estudo passa a abordar.
Nesse contexto, para mitigar os impactos das restrições, há intervenções muito simples de caráter operacional, ou basicamente requerendo pequenas manutenções que permitem a melhoria da acessibilidade no Aeroporto Internacional do Galeão e consequentemente trazendo benefícios também à Cidade Universitária da UFRJ, mas a Ilha do Governador e própria Baixada Fluminense, já que a sua chegada na Linha Vermelha tem uma confluência importante na chamada Ilha do Fundão.
Esse estudo se propõe a enfrentar algumas questões de curtíssimo e de médio prazo e que cabem diversas fontes de poder e grande parte dos investimentos de médio e longo prazo podem ser custeados ou por orçamento ordinária dos próprios Poderes Públicos (Prefeitura, Governo do Estado ou União), ou por meio da derivação de parte do pagamento das outorgas feitas pelo Concessionário Aeroporto Internacional do Galeão, independentemente se será relicitado ou não.
Há também outras propostas muito mais complexas de acesso por trilhos ao Aeroporto Internacional do Galeão, que logicamente não serão abordadas nesse estudo até por sua complexidade de implementação a longo prazo, elevado custos e principalmente porque ela não atenderá de fato a um fluxo grande de passageiros e sim trazendo benefícios a outras regiões, que logicamente não podem ser excluídas, mas certamente para uma outra ocasião e não para as ações de curto prazo que aqui serão colocadas todas com possibilidade de serem implementadas em até 36 meses.
1- AÇÕES DE CURTO PRAZO:
1.1- Restabelecimento das divisórias das pistas:
Por meio da Prefeitura do Rio de Janeiro, deve ser refeito, imediatamente, o conjunto de anteparas que existem na Linha Vermelha, já que muitas foram feitas há cerca de 10 anos, não tiveram a devida manutenção nos últimos tempos e estão quebradas. Devem ser substituídas e até eventualmente serem pintadas por algum artista de rua para dar um aspecto positivo. Essas estruturas quebradas facilitam intervenções por parte de alguma atividade criminosa, além de facilitar efetivamente a venda por parte de ambulantes, o que se torna um grande problema para uma via que deveria ser expressa. Essa é uma ação de rápida implementação pela Prefeitura, como também limitar a presença de ambulantes.
1.2- Demolição imediata de imóveis junto às divisórias:
Muitos imóveis foram indevidamente construídos em cima do canal de drenagem de algumas comunidades, como a Maré, e que estão juntos às divisórias, perpassando a sua altura. O número atual de imóveis ainda não é significativo, inferior à 20, e devem ser demolidos imediatamente pela Secretaria de Ordem Pública da Prefeitura (SEOP) e limitados pela Prefeitura novas construções, diante da insegurança que se coloca inclusive para ser uma via de efetiva de segurança para eventos e pelo aspecto que se coloca. A operação é simples e deve se colocar como se fosse uma faixa de recuo em relação as divisórias de ambos os lados, com cotas limitadas, especialmente aquelas coladas no sentido Galeão-Centro, onde houve um crescimento significativo. Alias nessa ação devem ser imediatamente demolidas as construções no entorno dos pilares do cruzamento da linha vermelha por cima do canal de incêndio, pois, um eventual incêndio pode colapsar a estrutura com afundamento, alias como já ocorreu no passado.
1.3- Recapear a pista da Linha Vermelha:
A pista da Linha Vermelha não sofre um processo de recapeamento pleno há muitos anos. Para fluir o tráfego efetivo é fundamental o recapeamento imediato que deve ser feito pela Prefeitura ou pela Prefeitura conjuntamente com o Governo do Estado, tendo em vista que a Prefeitura do Rio assumiu operação dessa rodovia desde 2007.
1.4- Instalação de câmeras:
Para melhorar a segurança intrínseca da Linha Vermelha é fundamental que seja feita a instalação imediata de câmeras com leitores inteligentes de placas ligadas ao sistema de segurança da Polícia Militar, e de operação da Prefeitura. Essa instalação de câmeras de leituras deve ser implementada também na Estrada do Galeão na Ilha do Governador com um simples portal de entrada e saída com registro e inteligência, o que vai coibir a prática de eventual trânsito de veículos irregulares e coibir algum tipo de práticas que levam a sensação de insegurança no local.
1.5- Implementação Imediata do Sistema de Rondas da PM por Motos:
No ano de 2022, foi instalado, pela Polícia Militar do Rio de Janeiro, o chamado Batalhão de Policiamento de Motos da Linha Vermelha, porém até então não se teve uma operação considerada eficaz e grande parte das motos que deveriam estar rodando 24 horas estão paralisadas no baseamento da Ilha do Fundão. É fundamental a retomada imediata da ação para que se tenha o aumento da sensação de segurança na via durante 24 horas.
1.6- Melhorias no Sistema de Iluminação
Não obstante a recente modificação na iluminação para sistemas de led feita pela Prefeitura do Rio de Janeiro por meio da Rio Luz e sua concessionária Smart Luz, com frequência um conjunto de luminárias tem ficado apagadas aumentando a sensação de insegurança, especialmente em pontos de acesso próximos à Avenida Brasil. É fundamental ter um sistema de manutenção preventiva e corretiva, antecipado e de correção imediata dos eventuais problemas, pois as rotinas de falta de energia estão extremamente elevadas.
1.7- Retomada do Fluxo das Barcas Cocotá/Praça XV
Durante o período de pandemia houve uma redução brutal da oferta de horários de barcas saindo do Cocotá, Ilha do Governador, para a Praça XV. A retomada da melhor utilização das barcas na futura concessão em vias de ser licitada, desafoga grande parte do trânsito que hoje vai na Linha Vermelha de escoamento da Ilha do Governador e, portanto, deve ser fortalecida, assim como estudos que envolvam conexão com a Ilha do Fundão, sempre dentro do conceito de retirar carga de trânsito da Linha vermelha
2- INTERVENÇÕES DE MÉDIO PRAZO
2.1- Ampliação do acesso da Linha Vermelha para a Linha Amarela:
Essa intervenção que se propõe basicamente a duplicação da alça de acesso para Linha Amarela. Isso daria uma melhoria no fluxo de acesso para a Linha Amarela com reflexos positivo na Linha Vermelha, pois reduz o entroncamento que traz reflexos no sentido Galeão / Barra e Galeão / Centro. Isso poderia significar uma redução de aproximadamente 15 minutos no trajeto da Ilha do Governador à Barra da Tijuca e um investimento da ordem de 15 milhões de reais e com previsão de implementação de 18 meses.
2.2- Ampliação do Acesso da Linha Vermelha para o Trevo da BR 040 (Washington Luís):
Essa intervenção traria uma redução no congestionamento que é gerado pelos veículos que acessam a BR 040 a (Washington Luís) e que muitas vezes chega até a entrada da Ilha do Governador na confluência para acesso da Ilha. Requer ampliação da ponte sob o Rio Meriti e a duplicação da alça de acesso à BR 040 com eventual segregação de fluxo. O prazo de uma intervenção como essa é da ordem de 18 meses e o investimento seria da ordem de 15 milhões de reais.
Essa é uma das principais e mais urgentes intervenções que deve ser feita, pois o engarrafamento muitas vezes chega até a entrada da Ilha do Governador.
2.3- Execução da Nova Ligação Linha Vermelha/Centro:
O objetivo é estabelecer novas saídas para São Cristóvão e para o Viaduto do Gasômetro reduzindo os reflexos na Linha Vermelha. Estabelecer um conjunto de intervenções com acesso a São Cristóvão e Benfica, antes da saída da ponte, e com a ligação ao viaduto de Benfica e a Rua Couto Magalhães. É um investimento da ordem de 30 milhões de reais e com prazo de 24 meses previsto para a execução.
2.4- Novo acesso Linha Vermelha/Ilha do Governador:
A construção de uma nova alça de acesso da Linha Vermelha para a Ilha do Governador reduz o fluxo de acesso à Ilha, evitando reflexo no sentido Centro e na própria confluência da chegada a Ilha do Fundão. Basicamente a construção de alça de acesso à Linha Vermelha, sentido Centro, na altura do terminal de cargas. É um investimento da ordem de 15 milhões de reais com prazo de 16 meses. Esse investimento tem um memorial já levantado pelo grupo de estudantes da Engenharia Politécnica da UFRJ, Engenhando a Cidade, que está no site https://sites.google.com/poli.ufrj.br/engenhandoacidade/projetos e também no senho esquemático abaixo, e que trará grandes benefícios na questão do trajeto Linha Vermelha/ Ilha do Governador, para o sentido Centro que precisam entrar na Ilha do Governador.
2.5- Novo acesso Ilha do Governador/Linha Vermelha:
O novo acesso Ilha do Governador/Linha Vermelha tem uma melhoria no fluxo de acesso na Linha Vermelha no sentido Dutra. A construção de um viaduto de acesso à Linha Vermelha sentido Centro, na altura do terminal de cargas. É um investimento da ordem de 35 milhões de reais com 24 meses.
2.6 – Novo acesso Linha Vermelha/ Ilha do Fundão:
A construção do novo acesso Linha Vermelha/ Ilha do Fundão tem o objetivo da melhoria do fluxo da Linha Vermelha no sentido Centro. Basicamente são intervenções na melhoria de sinalização, horizontal e vertical, e a construção da nova via até a Avenida Brigadeiro Trompowski e uma nova faixa de aceleração. O investimento é da ordem de 25 milhões de reais e um prazo de 18 meses.
Certamente há outras intervenções que podem ser executadas como a melhor utilização da infraestrutura dos corredores dos BRT’s, construídos no passado, para acesso ao aeroporto e que hoje estão totalmente subutilizados e um local onde ficam muitas pessoas pescando. Há também um estudo já iniciado pela Secretaria Estadual de Turismo sobre a implementação da conexão de barcos hovercraft na interligação entre Galeão e Santos Dumont, que requerem aprofundamento.
Nesse estudo também há de se considerar que existiram recentemente equívocos urbanísticos brutais recentemente quase adotados pela Prefeitura do Rio de Janeiro no sentido de tentar reformular o Plano Urbanístico da Ilha do Governador (PEU), o que aumentaria a densidade populacional do bairro permitindo novas construções no bairro e a demolição de imóveis antigos com a maior concentração populacional, o que geraria o maior fluxo de veículos na saída da Ilha do Governador com impactos diretamente voltados ao Aeroporto do Galeão e toda a Baixada, portanto em todos os projetos urbanísticos da Ilha do Governador devem ser considerado que essa limitação não está só relacionada ao grau de adensamento na infraestrutura básica do bairro, mas todo o impacto negativo que pode ser dado ao Aeroporto Internacional do Galeão (GIG) e assim ser consultado, o que não tem sido feito, até então, nas diversas tentativas de mudança dessas regras urbanísticas da Ilha do Governador.
3- CONCLUSÃO
O que se observam nos estudos, que aliás, se traduz de conceitos de malhas logísticas, tecnicamente viáveis e tendo a possibilidade de serem feitos até em 36 meses e que requerem ainda um melhor detalhamento através de um projeto básico para obter uma melhor acurácia de custos.
Para detalhamento dos projetos e para retirada dos gargalos certamente devem ser consultados a atual Concessionária RIOGaleão, que aliás com que já discuti esses temas, até utilizei alguns traçados esquemáticos, porém todas as intervenções de médio prazo são de valores somados que não superar 140 milhões de reais e podem vir de orçamentos ordinários dos diversos poderes ou derivados das outorgas.
(*) WAGNER VICTER é Engenheiro, Administrador, Ex-Secretário de Estado de Energia, Indústria Naval e do Petróleo, e Ex-Conselheiro do CNPE
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