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Em suas Redes Sociais, o Subprefeito da Zona Sul Flávio Valle condena ato do PCO contra Israel na Cinelândia, afirmando que "Essa foto não é da Alemanha em 1941. Ela foi tirada ontem no Centro do Rio de Janeiro, onde a estrela de Davi foi associada ao maior genocídio contra o povo judeu da história humana.
Mesmo dia em que estive na sinagoga de Ipanema para ouvir o relato da Karen e da Jade, sobreviventes do ataque terrorista do Hamas que matou mais de 1400 judeus apenas por serem judeus.
Passados 140 dias dos ataques terroristas em Israel, 134 famílias ainda não podem se reunir por completo porque um de seus familiares ainda é mantido REFÉM pelo Hamas.
Não dá pra achar normal o apoio um grupo terrorista cujo objetivo principal é exterminar um povo. Mas, como já dizia Joseph Goebbels, ministro da propaganda de Hitler, “Uma mentira dita mil vezes torna-se verdade”.
O Subprefeito da Zona Sul possui 20,5 mil seguidores, e 1791 perfis curtiram sua postagem, https://www.instagram.com/p/C3sAAFyOYKj/?img_index=1 .
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Israel, Hamas, Palestina: entenda a guerra no Oriente Médio
Conflito tem disputa por terras como pano de fundo.
O conflito entre Israel e Hamas tem origem na disputa por territórios que já foram ocupados por diversos povos, como hebreus e filisteus, dos quais descendem israelenses e palestinos. Em diferentes momentos, guerras e ocupações, eles foram expulsos, retomaram terras, ampliaram e as perderam.
De acordo com o professor de direito e de Relações Internacionais Danilo Porfírio Vieira, desde o século 19, a comunidade judaica, principalmente na Europa, começou a se mobilizar em torno de uma ideia de nacionalidade e do retorno ao que considera seu território “bíblico”, perdido durante o Império Romano.
Quando o Império Otomano perdeu a 1ª Guerra, aquela região do Oriente Médio foi dividida entre franceses e britânicos. A região do Líbano e da Síria ficou sob controle da França e, regiões como Kuwait, Iraque, Jordânia e Palestina, sob colonização britânica. Nesse período, ganhou força entre os judeus refugiados pelo mundo a ideia de retornar à Palestina para criar um estado judaico.
“O projeto inicial era a compra de territórios de propriedades dentro de uma região que estava, desde a década de 1920, sob controle do Império britânico (Mandato Britânico da Palestina)”, afirma o pesquisador, com pós-doutorado na Universidade de São Paulo (USP) sobre a “Irmandade Muçulmana”, organização que acabou gerando, na Palestina, o Hamas.
Na 2ª Guerra Mundial, com o Holocausto, a comunidade internacional voltou a discutir a ideia de um estado que abrigaria o povo judeu. Após o nascimento da Organização das Nações Unidas (ONU), o Estado de Israel foi criado. Isso se deu com o apoio dos norte-americanos e até mesmo do Brasil. Representantes internacionais também defendiam a criação do Estado Palestino.
Durante as negociações, o litoral setentrional ficou sob controle dos israelenses e, o meridional, dos palestinos. A região interiorana ao sul da Palestina foi para os israelenses. Por seu caráter histórico e por ser sagrada pra árabes, judeus e cristãos, Jerusalém iria se tornar uma cidade autônoma, dentro da Palestina e sob o jugo dos britânicos.
Território israelense foi se expandindo com o passar dos anos. Ao mesmo tempo, os palestinos foram perdendo espaço na região. Por Arte/EBC
Israel vence guerras
Diante de diversos impasses, houve a Guerra da Independência, em 1948, vencida por Israel com apoio principalmente dos norte-americanos. A tensão não reduziu. Israel passou a controlar 75% do território. O êxodo de palestinos se intensificou e milhões permanecem refugiados em outros países.
Na segunda metade do século 20, outras guerras com nações vizinhas àquela região, como Egito, Síria, Jordânia, Líbia, a chamada União Árabe, deram mais força para Israel, que ganharia o status e potência bélica. Entre as vitórias, a Guerra dos Seis Dias (entre 5 e 10 de junho de 1967), quando Israel enfrentou e sufocou os vizinhos.
Seis anos depois, em 1973, houve a Guerra do Yom Kippur, do Egito e Síria contra Israel. As conquistas territoriais de Israel em meio a guerras duplicaram o seu território. Mas deixou marcas.
Por isso, os povos palestinos reivindicam o seu estado independente e autonomia. Em 1993, houve um novo acordo (Oslo) entre israelenses e palestinos, com mediação americana e europeia, no qual ficou acertado o reconhecimento da Autoridade Palestina.
Hamas
Em 1987, um grupo político palestino ligado ao movimento político islâmico sunita, chamado “Irmandade Muçulmana”, gerou o movimento Hamas.
Esse grupo não aceita a presença dos judeus e israelitas naquela região, tanto que o Hamas defendeu a aniquilação do estado de Israel nos anos 2000. O Hamas, inclusive, deu um golpe na Autoridade Palestina e passou a controlar a Faixa de Gaza, um território de pouco mais de 360 km quadrados superpopuloso com mais de 2,6 milhões de habitantes.
Por isso, a Autoridade Palestina não alcança Gaza. Outro território palestino, a Cisjordânia, está sob o controle do partido Fatah, com regiões ocupadas por colonos israelenses e controle militar do governo de Israel.
Conflito Israel x Hamas: da guerra ao antisemitismo por Fernando Capez
Estender ao povo judeu a revolta pelo inconformismo com a intensidade da reação israelense ao ataque terrorista do Hamas configura equivocada interpretação da realidade, fruto da abordagem parcial do conflito pela mídia internacional.
Há, de fato, israelenses que querem vingança, sobretudo os ultranacionalistas, os quais negam ao povo palestino o direito ao seu Estado soberano e querem expulsá-los dos territórios a eles destinados pela ONU em 29 de novembro de 1947 e reiterados em setembro de 1993, nos acordos de Oslo, mas esses radicais não refletem, em absoluto, o espírito da imensa maioria da população de Israel, que deseja paz e segurança.
O antissemitismo é alimentado pela falta de informação acurada sobre a tumultuada realidade local e pela visão estereotipada de Israel e do povo judeu. A carnificina premeditada pelo Hamas e executada com requintes de crueldade em 7 de outubro passado não foi uma reação à ocupação israelense, até porque a Faixa de Gaza não se encontrava sob o domínio de Israel e havia sido devolvida ao controle palestino em 2005. Foi manifestação pura de ódio e intolerância.
Extremismos dos dois lados
Há extremismo dos dois lados, mas o antissemitismo é uma injustiça com o espírito pacifista da imensa maioria da população de Israel e dos judeus ao redor do mundo, embora, claro, haja exceções. Esse artigo tenta contribuir para dar uma visão equilibrada e bem próxima à realidade sobre esse sangrento e interminável conflito entre árabes e judeus.
Acabo de retornar de Israel, onde presenciei de perto a tragédia iniciada com o ataque terrorista do Hamas. Tive acesso a instalações militares, sistemas de defesa antiaérea e monitoramento terrestre, centros de reabilitação ortopédica, kibutzim atacados pelo Hamas, além de poder entrevistar parentes das vítimas sequestradas.
Assisti também a filmagens dos ataques ainda mantidas em sigilo por serem muito fortes até para os mais habituados com a violência. O contato direto evita a formação de convencimento com base apenas em notícias descontextualizadas.
O fundamentalismo islâmico do Hamas distorce a sagrada religião do Islã para tentar justificar ataques a alvos civis, enquanto do outro lado, o ultranacionalismo, que representa apenas 18% da população israelense, nega aos palestinos seu legítimo direito de ter um país.
Spacca
1947
A discórdia entre os vizinhos árabes e judeus teve início com uma guerra civil em 30 de novembro de 1947, um dia após a aprovação do plano de partilha da ONU, rejeitado pelas nações árabes. Em 15 de maio de 1948, dia seguinte à Declaração do Estado de Israel, iniciou-se a Guerra da Independência, com o ataque simultâneo de cinco nações árabes a Israel (Egito, Jordânia, Síria, Líbano e o não limítrofe Iraque).
A guerra terminou em 1949, mas outra se iniciou em 1967 (Guerra dos Seis Dias) e ainda outra em 1973 (Guerra do Yom Kippur), todas vencidas por Israel. Em 1982, a desastrosa invasão do Líbano comandada pelo ministro da Defesa Ariel Sharon resultou no massacre de Sabra et Shatila (campos de refugiados na periferia de Beirute) por milícias locais, com a criminosa complacência do Exército israelense. Sharon foi demitido e o então primeiro-ministro Begin Menachem, desgostoso com o ocorrido, retirou-se da vida pública.
Todo esse ciclo de violência parecia ter chegado ao fim, quando, na esteira do Tratado de Paz de 1978, entre Egito e Israel (Camp David), ocorreram os acordos de Oslo, na Noruega (setembro de 1993), assinados em Washington, na Casa Branca pelo primeiro ministro, Yitzak Rabin, ministro das Relações Exteriores de Israel, Simon Peres, e presidente da OLP, Yasser Arafat.
1995
Mas o pior estava por vir. Em 4 de novembro de 1995, o ultranacionalista judeu Yigal Amir atirou duas vezes pelas costas do primeiro ministro Rabin, assassinando-o.
O atentado foi precedido de feroz campanha da extrema direita israelense, com cartazes exibindo Rabin com o Kufiya de Arafat e uniforme da SS nazista. Longe de ser um traidor, Rabin foi um herói militar, era primeiro ministro durante o espetacular resgate de reféns em Entebe, Uganda, em 1976, recebeu condecorações por sua atuação nas guerras de 1967 e 1973, além de ter sido fundador da Palmach, unidade de elite da Haganá, embrião das Forças de Defesa de Israel (IDFs).
Os acordos de Oslo representavam a pragmática visão de que a segurança de Israel somente poderia ser atingida pelo pleno entendimento com seus vizinhos. A odiosa campanha que resultou no assassinato de Rabin teve ativa participação do ultranacionalista Itamar Ben Gvir, atual Ministro da Segurança de Israel.
Ben Gvir atualmente cuida da política de segurança dos assentamentos na Cisjordânia e distribuiu armas aos colonos judeus. O Hamas, por sua vez, outrora Movimento de Resistência Islâmica surgido em 1987 na primeira Intifada, optou pelo terrorismo e contribuiu para a vitória da direita, representada por Benjamin Netanyahu, praticando dois atentados terroristas (final de 1995 e 1996), matando 60 civis israelenses.
Eis a contradição do Hamas: torpedeou os acordos que devolveriam Gaza e Cisjordânia aos palestinos, embora o grupo tivesse sido formado justamente para esse fim.
Itamar Ben Gvir e os colonos ultranacionalistas não representam o pensamento da maioria da população de Israel. Em Tel Aviv e Jerusalém, maiores cidades de Israel, não há qualquer sentimento de satisfação pela morte de civis palestinos inocentes, como faz parecer a distorcida cobertura da mainstream media. O desejo é de paz, não de vingança.
Do mesmo modo, assisti a vídeos de palestinos em Gaza reprovando a ação do Hamas, dizendo que precisam retomar seus empregos em Israel. Sabem que o atentado terrorista não ajudará a construir a paz e trazer prosperidade a suas famílias.
As imagens de colonos israelenses na Cisjordânia, armados com metralhadoras pelo próprio Ministro da Segurança, e ameaçando agricultores palestinos, a fim de expulsá-los de sua terra (jornal Haaretz, edição 2/2/2024), contrasta com a corajosa ação de pacifistas israelenses que se arriscam diariamente para defender esses mesmos agricultores, apenas porque não aceitam o mal como opção.
Do mesmo modo, revoltantes as imagens registradas pelas câmeras dos terroristas, de civis palestinos celebrando os atentados, ou a conversa telefônica interceptada de um terrorista sendo elogiado pela mãe, ao relatar ter matado um morador do Kibutz de Kfar Aza, no entanto, devemos pensar nos palestinos que querem a paz, mas são oprimidos pelo Hamas.
Visita a kibutz
A viagem teve início com a visita ao Kibutz Kfar Aza, localizado na fronteira com a Faixa de Gaza, atacado em 7 de outubro, cujos rastros de destruição registrei em meu celular. Casas queimadas, com marcas de tiros, bombas, granadas e lança-mísseis nas paredes. Tudo abandonado. Onde viviam famílias, restam escombros e marcas da violência.
A visita foi acompanhada por militares armados com metralhadoras num ambiente de muita tensão. Era ainda uma área de risco. As imagens recuperadas pelo exército israelense são fortes: um pai é morto por uma granada na presença de seus filhos, um dos quais perdeu um dos olhos com a explosão, ambos começam a chorar a perda do pai (são crianças).
Enquanto isso, um dos terroristas abre a geladeira e pergunta a um deles em prantos, onde havia refrigerante. Nem o cachorro da família foi poupado, morto a tiros de metralhadora. Esses agrupamentos agrícolas são habitados por pacifistas.
Posteriormente, no local da rave onde ocorreu a chacina, havia muitos oratórios improvisados para homenagear a memória das vítimas. Nas imagens gravadas, não se notam disparos acidentais do exército de Israel matando por engano, inocentes, mas execuções sumárias praticadas pelo Hamas, enquanto jovens desesperados tentavam fugir em automóveis, a pé ou se escondendo em abrigos e banheiros.
Terroristas atiravam para dentro dos abrigos (bunkers), se aproveitando de que foram construídos somente contra bombardeios, sendo desprovidos de portas blindadas. Fomos também a instalações militares invadidas pelo Hamas, nas quais centenas de soldados foram mortos enquanto ainda dormiam, pois estava amanhecendo e na véspera houve festejos pelo feriado judaico.
Nessa mesma instalação, em uma sala protegida por portas e teto blindados, havia 24 meninas entre 18 e 20 anos, recém incorporadas ao exército, que ficam defronte a telas de computador monitorando a região.
Morreram queimadas por artefatos incendiários colocados pelo Hamas na tubulação do ar condicionado. Em outro dia, na visita ao Centro de Recuperação Integrada Ortopédico e Psicológico de Tel Aviv, conversei com militares de 18 a 20 de idade. mutilados sem uma ou ambas as pernas, paralisados em cadeiras de rodas e um deles sem os globos oculares, cego de modo irreversível.
A dura realidade da guerra, na qual não existem heróis, mas muito sofrimento. Foi difícil a conversa com a mãe do soldado de 20 anos que ficou cego, sendo admirável a força que ela reuniu para retomar sua vida.
Impactante também a entrevista com parentes de sequestrados: “Não sei se meu filho está vivo, torturado, doente ou sem alimentação desde 7 de outubro”. “A cada minuto que passa, é um minuto a mais para minha irmã ser violentada, torturada ou morta.”
Na Praça dos Sequestrados, localizada em Tel Aviv, milhares de pessoas se reúnem para exigir do governo a liberação dos reféns mediante medidas mais concretas do que bombardeios aéreos, nos quais civis inocentes são mortos, enquanto terroristas se escondem nos mais de 500 quilômetros de túneis.
O momento para o governo de Israel não é o de se apegar a dogmas (“jamais negociar com terroristas”), mas de racionalmente buscar o auxílio do Egito, Jordânia e Catar para obter uma negociação que garanta o retorno dos reféns.
Eliminar o Hamas é um objetivo militar difícil de ser atingido, sem provocar junto a morte de dezenas de milhares de civis inocentes, principalmente mulheres e crianças, usadas como escudos humanos pelo grupo terrorista. Esse preço sairia muito caro para Israel e o colocaria na vergonhosa lista de países genocidas.
Guerra de guerrilha
Com efeito, essa é uma guerra de guerrilha contra um inimigo quase invisível, que se camufla junto à população em área densamente povoada, de modo que para matar todos seria preciso erradicar quase todos os 2 milhões e 300 mil habitantes da região.
O Hamas não é um corpo militar delimitável, mas uma ideia calcada no ódio e intolerância, a qual só tende a aumentar com os bombardeios, os quais são ineficazes como método de dissuasão, uma vez que o Hamas não se importa com a morte dos civis palestinos, ao contrário, as usa como instrumento de vitória política contra Israel.
É necessário fortalecer lideranças moderadas para buscar um Estado Palestino soberano e viável. A longo prazo, a explosão demográfica e a crise humanitária ao redor de Israel criarão enorme risco para sua segurança. Isso, sem falar no Irã, com seus proxies e ambição nuclear, além da Rússia, que amplia progressivamente sua influência na Síria e região e Turquia oscilando entre o secularismo e o fundamentalismo.
O Exército de Israel é constituído de jovens que estavam nos bancos escolares ou universitários, trabalhando em empregos regulares, e são convocados quando necessário. Não são soldados profissionais que vivem da carreira militar. São civis treinados, mas gente como a gente.
Moshiko e Oded trajados em uniformes militares e metralhadoras a tiracolo, são dois civis que cooperam com as IDFS. Oded, dono de um refinado restaurante japonês nas proximidades de Tel Aviv, ao tomar conhecimento do atentado de 7 de outubro, largou tudo o que estava fazendo e em meio ao tiroteio, começou a socorrer feridos na área do conflito, arriscando a própria vida.
Moshiko entra diariamente em casa, mas sonha com o fim da guerra para retomar sua rotina de trabalho como civil. Não observei em nenhum deles ódio ou desejo de vingança, nem tampouco nas dezenas de diferentes militares com os quais conversei.
Ainda há muito a realizar para superar o fundamentalismo de um lado, e o nacionalismo expansionista de outro. O sionismo não se confunde com colonialismo, que é uma deturpação desse movimento iniciado em 1896 pelo judeu húngaro Teodor Herzl, com o objetivo de buscar um país para os judeus, sobretudo os europeus, que jamais foram aceitos pelas nações europeias como seus cidadãos.
Os Estados Unidos, por sua vez, poderiam fazer mais pela região. O presidente Joe Binden parece ter perdido de vez a paciência com os colonos ultrarradicais dos assentamentos ilegais da Cisjordânia, determinando o congelamento dos bens de quatro deles nos EUA.
Esses colonos incendiaram carros de palestinos, destruíram suas propriedades e assassinaram pastores árabes desarmados, contando com uma certa leniência da Justiça israelense, quase sempre eficaz. Mas a maioria em Israel não se identifica com esses radicais.
A pacifista Netta Ben Porat, israelense e judia, é diretora geral de uma empresa de alta tecnologia, mãe de três jovens e se arrisca todos os dias para ajudar palestinos que não conhece. Sem que ninguém lhe peça, pega seu carro com placas israelenses e dirige em meio a assentamentos, para proteger pastores palestinos rotineiramente atacados pelos colonos israelenses.
Segundo ela, a justiça israelense reduz o problema a “uma briga de vizinhos”. Foi o que ela escutou em novembro de 2021, quando tentou ajudar agricultores palestinos que viam suas oliveiras perecerem porque os colonos nãos os deixavam colhê-las.
Porat foi agredida pelos colonos, juntamente com os palestinos, e o Exército, segundo ela, propositalmente interveio com atraso. Tudo isso está publicado no jornal israelense Haaretz, de 02 de fevereiro deste ano, o qual critica a política evasiva de Netanyahu em relação aos reféns.
Num momento em que o antissemitismo se espalha pelo mundo e contagia nosso país, é importante registrar a ignorância que é confundir o povo judeu, vítima do Holocausto e perseguido em toda a Europa antes de ter sua pátria, com metade vivendo em Israel e metade fora, com minoria de fanáticos nacionalistas.
É também ingenuidade considerar o Hamas um grupo de idealistas que lutam contra uma potência ocupante. O grupo usou os recursos bilionários que recebeu para construir túneis destinados a abrigar suas ações terroristas. Gaza já havia sido integral e unilateralmente cedida por Israel em 2005, mas o Hamas não cuidou de seu povo.
Recursos não faltaram para transformar a Faixa de Gaza numa próspera região. Toda a Faixa de Gaza é banhada por um oceano cristalinamente azul, com investimento da Arábia Saudita, Catar (que financia o Hamas em vez de Gaza) e Emirados Árabes, a região poderia se transformar numa nova Dubai.
A China também tem interesse em investir. Infelizmente, a opção pela violência e o terrorismo faz do povo palestino, vítima desse grupo, atualmente equiparado a uma organização terrorista com o Estado Islâmico.
77 anos
Em novembro deste ano, a guerra entre árabes e judeus completará 77 anos. Há, contudo, esperança, encontrada nos olhos ainda puros dos meninos e meninas convocados a lutar, nos feridos e mutilados no hospital e nas lágrimas derramadas pelas mães e parentes dos reféns, que ainda assim, não se deixavam dominar pelo rancor e, mesmo com o coração destroçado pela dor, ainda tinham forças para manifestar solidariedade aos civis palestinos mortos em Gaza.
Não havia espírito de revanchismo, mesmo ante a brutalidade crua do atentado terrorista. A amiga de 88 anos que fiz no último dia da viagem Zeni Rosenstein, sobrevivente do Holocausto, levada a um campo de concentração aos 9 anos de idade, espancada e torturada pelos nazistas, me disse não guardar rancor.
Presenteou-me com um quadro desenhado no campo de concentração e pintado posteriormente: “O Olho de Deus”. É nesse olhar de bondade e compreensão que devemos focar nossa atenção, repudiando o ódio e o preconceito de toda sorte. Aprendi que a curto prazo o mal surpreende o bem, mas a longo prazo o bem acaba prevalecendo, por mais que demore.
Fernando Capez é procurador de Justiça do MP de SP, mestre pela USP, doutor pela PUC, autor de obras jurídicas, ex-presidente da Assembleia Legislativa de SP, do Procon-SP e ex-secretário de Defesa do Consumidor.
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