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O Talibã declarou nesta quinta-feira (19) que o Afeganistão passou a ser o Emirado Islâmico do Afeganistão, mesmo nome adotado no país quando o grupo extremista assumiu o poder pela primeira vez, em 1996.
A declaração foi anunciada em um post do porta-voz do Talibã, Zabihullah Mujahid, o mesmo que na terça-feira concedeu uma entrevista coletiva, na qual afirmou que grupo teria atitudes mais moderadas desta vez.
Nesta quinta, porém, Waheedullah Hashimi, um dos principais comandantes do Talibã, afirmou que as leis no país devem ser semelhantes às que existiam da outra vez que o grupo extremista esteve no poder. Ele afirmou que não há possibilidade de o país adotar a democracia como sistema para escolher os líderes. O Afeganistão provavelmente será governado por um conselho que vai observar a sharia, a lei islâmica.
“Não haverá nada como um sistema democrático porque isso não tem nenhuma base no nosso país, nós não vamos discutir qual será o tipo de sistema político que vamos aplicar no Afeganistão porque isso é claro: a lei é sharia, e é isso”, afirmou Hashimi.
Também nesta quinta-feira, Dia da Independência do Afeganistão, o grupo reagiu com violência aos primeiros sinais de resistência à sua tomada de poder.
Houve manifestações na capital Cabul, segundo o jornal "The New York Times", nas cidades de Jalalabad e Asadabad e no distrito da província de Paktia, segundo a agência de notícias Reuters, e relatos de mortes em Asadabad e tiros em Cabul, onde a manifestação foi dispersada com violência pelo Talibã.
Enquanto isso, países relatam dificuldades para concluir a retirada de seus diplomatas e seus colaboradores afegãos, ainda que o Talibã tenha garantido que a segurança deles estaria garantida.
Os Estados Unidos acusaram o grupo de manter postos de controle ao redor do aeroporto internacional de Cabul para barrar a saída de afegãos, o que os talibãs negam.
Doze pessoas já morreram dentro e ao redor do aeroporto internacional Hamid Karzai desde domingo, autoridades do Talibã e da Otan (Organização do Tratado do Atlântico Norte) disseram à Reuters nesta quinta-feira.
O governo dos EUA enviou 6 mil militares para garantir a segurança no aeroporto de Cabul e retirar os 30 mil americanos e civis afegãos que trabalharam para Washington e temem por suas vidas. Até o momento, foram retirados pouco mais de 5 mil (3.200 essencialmente funcionários americanos, 2 mil refugiados afegãos).
A Alemanha, que deve repatriar até 10 mil pessoas, incluindo mais de 2,5 mil afegãos, retirou 500 pessoas, incluindo 202 afegãos, e aprovou o envio de 600 soldados a Cabul para ajudar na saída do maior número possível de pessoas até 30 de setembro, no mais tardar.
Também na Europa, o primeiro avião militar da Espanha procedente de Cabul com 50 espanhóis e colaboradores afegãos pousou nesta quinta-feira na base militar de Torrejón de Ardoz, ao nordeste de Madri.
A Espanha também aceitou ajudar a retirar do Afeganistão cerca de 400 funcionários locais da União Europeia e outros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) e transportá-los para a Europa. Os cidadãos afegãos serão enviados para vários países europeus.
A ponte aérea francesa, via Emirados, prossegue com a chegada prevista nesta quinta-feira de um novo voo com 120 pessoas, essencialmente afegãos. Um primeiro contingente deles chegou na quarta-feira a Paris. A França deve retirar milhares de pessoas do Afeganistão, mas não forneceu um número preciso.
O Reino Unido já retirou 306 britânicos e 2.052 afegãos do país agora controlado pelo Talibã.
A Turquia repatriou 324 cidadãos na segunda-feira e organiza o retorno de mais de 200 de Cabul.
Outros voos partiram nos últimos dias para Holanda, Polônia (um segundo avião retorna nesta quinta ao país), Dinamarca, Noruega, República Tcheca, Hungria e Bulgária. Quinze romenos não conseguiram chegar ao aeroporto de Cabul e o avião enviado por seu país retornou com apenas uma pessoa, de acordo com a agência France Presse. (Do G1, com agências internacionais. Foto: reprodução de internet)
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