Tarcísio e Bolsonaro são iguais na arte de fabricar notícias mentirosos

Tarcísio e Bolsonaro são iguais na arte de fabricar notícias mentirosos

  No último domingo de eleições, o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), se envolveu em uma polêmica ao associar o candidato Guilherme Boulos (PSOL) ao Primeiro Comando da Capital (PCC). A declaração foi duramente criticada pelo comentarista do UOL News , Ricardo Kotscho, que comparou Tarcísio ao ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), afirmando que ambos recorrem a estratégias de desinformação com fins político-eleitorais. Segundo Kotscho, tanto Bolsonaro quanto Tarcísio estariam do “mesmo lado radicalizado” no uso de declarações sem provas, manipulando informações para influenciar participantes.

Declaração de Tarcísio e evidência de Boulos

Em meio a um evento público, Tarcísio afirmou que o PCC teria orientado os eleitores a votar em Boulos, sem, no entanto, apresentar qualquer evidência que fundamentasse a sua fala. Guilherme Boulos, por sua vez, classificou a acusação como “criminosa” e afirmou que vai processar o governador para propagar uma “grave fake news”. Para o candidato do PSOL, as declarações de Tarcísio configuraram uma tentativa de desestabilizar a eleição e influenciar os resultados por meio de desinformação.

Andreza Matais e o crime eleitoral

A colunista Andreza Matais destacou, em seu comentário, que a fala de Tarcísio configura um possível crime eleitoral. Matais ressaltou a gravidade de um governador utilizar sua carga para fazer afirmações tão impactantes sem provas, e especialmente no dia da votação. Para um colunista, o ato configura abuso de poder político e justifica uma resposta contundente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). “Esse não era o momento para isso”, apontou, destacando que o episódio representa um ponto crítico em uma campanha eleitoral marcada por disputas acirradas e denúncias de crimes eleitorais.

Risco de inelegibilidade para Tarcísio

O jurista e colunista Wálter Maierovitch também analisou o episódio, enfatizando que Tarcísio pode responder a uma Ação de Investigação Judicial Eleitoral, uma medida que investigue e julgue práticas de abuso de poder. Ele explica que a lei impõe um “silêncio eleitoral” no dia da votação, para preservar a liberdade de escolha dos deputados. Ao fazer uma acusação tão grave sem embasamento, Tarcísio teria violado esse princípio. Se possível, caso a Justiça Eleitoral considere procedente a ação, seria a inelegibilidade do governador.

Bolsonaro reforça ataques e descredibiliza oposição

O ex-presidente Bolsonaro também protagonizou um momento de desinformação ao sugerir, em evento em Goiânia, que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) estaria fingindo o acidente doméstico que o impediu de comparecer à reunião dos BRICS na Rússia. Segundo Bolsonaro, ele teria “ouvido de uma tia do zap” que o acidente seria falso, colocando em dúvida a veracidade do ocorrido. Esse tipo de afirmação, sem provas, alimenta um ambiente de polarização e desconfiança, o que, para analistas, intensifica a divisão no país.

Justiça Eleitoral em destaque

Diante das polêmicas, comentaristas e colunistas pressionaram o TSE para uma intervenção célere e eficaz. Kotscho, especialmente, chamou a ministra Cármen Lúcia, presidente do TSE, para se posicionar imediatamente sobre o que ele chamou de “o fato mais grave da campanha”. A demora de uma resposta por parte do TSE, segundo ele, pode abrir margem para que ocorram mais episódios de desinformação, contaminando ainda mais o cenário eleitoral.

Esse contexto coloca a Justiça Eleitoral como um ator central para garantir que a eleição seja justa, transparente e, acima de tudo, sem a interferência de notícias falsas.

Fonte: Uol

 

Por Jornal da República em 28/10/2024
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