Tiro no pé na campanha de Ferreti em Angra

Pré-candidato se defende publicamente de pedido de condenação pelo MP RJ, mas acaba ampliando conhecimento de denúncia do MP RJ contra si, acusa oposição de prática de fake news, mas quem supostamente praticou foi sua campanha. Detalhes abaixo.

Tiro no pé na campanha de Ferreti em Angra

Pré-candidato se defende publicamente de pedido de condenação pelo MPRJ, mas acaba ampliando conhecimento de denúncia do MPRJ contra si, acusa oposição de prática de fake news, mas quem supostamente praticou foi sua campanha. Detalhes abaixo.

 

Após reportagem deste jornal e de outros meios de comunicação sobre pedido de condenação e consequentemente prisão (pena de reclusão) do pré-candidato a prefeito Ferreti, por supostos atos de corrupção passiva (art. 317 do C. Penal), tendo a origem a operação Cartas Marcadas e requerido pela 2ª Promotoria Criminal de Angra dos Reis, partidários de Claudio Sírio (Ferreti) e do prefeito Fernando Jordão começaram a postar nas redes fôlder ao qual a chamada dizia que Ferreti havia ganhado ação na justiça contra suposta Fakenews, que teria sido publicada pelo Jornal a Cidade e por sua proprietária, Daniela Afif.

No folder havia recorte de trecho inicial de manifestação do MP eleitoral, resumindo os fundamentos e pedidos feitos em ação do partido de Ferreti contra o mesmo jornal local e sua proprietária, não havendo naquele nenhum indicativo de posicionamento do MPE pela procedência ou não da ação, que pedia a retirada e reconhecesse como fakenews, quanto mais decisão judicial sobre o assunto.

 

Porém, o recorte do parecer anexado no mesmo fôlder não comprovava o que o título narrava, deixando dúvidas se o MP acatou ou não tais alegações, mas, ao mesmo tempo, também deixando margens para interpretações equivocadas por leitores distraídos, que poderiam associar que se tratava também da acusação quanto ao pedido de condenação de Ferreti no processo da operação cartas marcadas, ou seja, que as acusações dos opositores de Ferreti eram inverídicas, visto que muitos correligionários dele e de Jordão protestaram nas redes dizendo ser fake News também até a íntegra da manifestação do MP disponibilizada - até demostrando desdém ao dizerem que a ação perdurava mais de  17 anos, como não fosse valida apuração contra corrupção.

LEIA AQUI Processo nº. 0020300-28.2007.8.19.0003 (2007.003.020203-9)

Tal ação judicial que se refere o fôlder é distinta da justiça criminal, sendo matéria da Eleitoral, e se refere a pedido liminar sobre retirada de postagens publicadas pelo Jornal e sua proprietária, Daniela Afif, constando nelas pesquisa eleitoral registrada no TRE (Paraná Pesquisas; de acordo com o jornal), e segundo o requerente (MDB) na representação, que é o partido de Ferreti, tais publicações feriam normas eleitorais e as enquadrando supostamente como fake News, conforme trecho do resumo nas alegações no próprio folder em referência nessa reportagem.

Mas não chegando a horas depois de inicialmente publicados nas redes os mesmos folders, inclusive por secretário municipal e funcionários comissionados do legislativo, continuavam os simpatizantes postando o mesmo nas redes sociais locais, como no grupo denominado Frade on-line (considerado o mais influente politicamente em Angra e que participam praticamente todas as lideranças e políticos), só que agora estranhamente sem o título: somente com o recorte da peça processual do MPE:

 

Entretanto, talvez por não ter lido o conteúdo ou por engano, foi postado também a íntegra da Manifestação do MPE (folder), por uma ex-assessora da deputada Celia Jordão (hoje do vereador Dudu do Turismo), e para surpresa de quem lê, contrariamente o que demonstra o fôlder, o Parquet eleitoral reconhece naquela peça a validade da pesquisa publicada pelo jornal A Cidade, que segundo o mesmo fora devidamente registrada e cumpriu todos os requisitos legais definidos pelo TSE, bem como não acata a tese do MPB de fake news.

Portanto, diferente do alegado no fôlder publicados por correligionários de Ferreti, só opinando o MPE na obrigação para que tanto a proprietária quanto o jornal, acrescentem nas publicações algumas informações que devem constar quando se divulga pesquisas eleitorais. Meras irregularidades e não detectou fake news.

Para piorar a situação ainda mais, aos vasculhar nas redes inclusive perfis de mídia alternativa ou lideranças locais, todos simpatizantes a Ferreti ou Jordão, percebe-se que o pré-candidato ao tentar se defender em vídeos ou postagens que foram publicados por esses inúmeros canais, acabou por dar mais conhecimento sobre o assunto gerando grande maioria em comentários negativos a Ferreti, paradoxalmente ao que era anteriormente.

Com isso tudo, deu amplitude ao assunto que só pela oposição não teria, sendo que mesmo esta toda unida, não chegaria nem a metade dos canais de divulgação disponíveis para a campanha de Ferreti com também seus simpatizantes.

Talvez faltou refletir que o tema “corrupção” poderia mexer com muitos sentimentos guardados, inclusive trazendo a tona via lembrança de uma operação como a cartas marcadas, que além de ser um dos maiores escândalos da história do município, ordenando a prisão de inúmeros secretários municipais e gente do legislativo, inclusive do próprio pré-candidato apoiado por Jordão que era o então prefeito, que se evadiu e se tornou foragido, até hoje não fora  julgada em primeira instância, mesmo perfazendo mais de 17 anos, e parece que isto também tocou a muitos angrenses, conforme comentários nas publicações sobre o tema em redes como Facebook, Instagram e grupos de WhatsApp;

Por fim, Ferreti e Jordão mesmo comemorando publicamente a última pesquisa ao qual lidera com pouco mais de 22%, mas estando os maiores opositores em empate técnico pela segunda posição, e segundo lideranças e as próprias pesquisa efetuadas em análise conjuntas mostrarem que, pela grande exposição de Ferreti há um bom tempo, deveria este possuir maior pontuação e em situação confortável, ou seja, não seria uma boa notícia para os dois, mas para a oposição, que segundo suas lideranças, Ferreti pátina nos números mesmo com a máquina municipal a seu favor, pois foi secretário de governo.

E o inferno astral não poderia ser pior para Jordão, tendo em vista que o presidente do PL de Angra, Valmir Servolo, “propôs” representação na Justiça eleitoral, pedindo nela a expulsão e perda do mandato de sua esposa, a deputada estadual Celia Jordão, por infidelidade partidária, bem como a também perda do brilho do grande e exuberante evento de lançamento da pré-candidatura de Ferreti, devido à questão do processo da “Operação Cartas marcadas”…

 

Sobre o folder, aquele ditado feio, mas verdadeiro: “Merda quanto mais mexe, mais fede”. E se esqueceram disso em suas estratégias?

 

Por Missael Freitas 

 

 

Por Jornal da República em 23/05/2024
Aguarde..