Transporte e falta de 'marca' pressionam Paes e Castro a ajustarem estratégia de campanha

Transporte e falta de 'marca' pressionam Paes e Castro a ajustarem estratégia de campanha

Com saldos desfavoráveis no balanço entre rejeição e aprovação a suas gestões, de acordo com o Datafolha, o governador do Rio, Cláudio Castro (PL), e o prefeito da capital fluminense, Eduardo Paes (PSD), planejam ajustes em suas estratégias eleitorais. Castro, candidato à reeleição, aposta em criar uma “marca” por meio de programas na área de segurança pública, apontada na pesquisa como o principal problema do estado. Paes, que lançará aliados à Câmara e ao governo, busca solucionar crises no setor de transportes, mapeado por pessoas próximas como principal motivo de sua avaliação ruim.

Em paralelo, interlocutores de Castro avaliam uma nova tentativa de aproximação com Paes, em busca de apoio, ainda que informal. Segundo o levantamento, o governador tem melhores avaliações entre quem aprova o prefeito. Castro e Paes têm boa relação, mas o prefeito tem mantido sua aposta na pré-candidatura de Felipe Santa Cruz (PSD) ao Palácio Guanabara.

No geral, Castro é aprovado por 18% e reprovado por 25% dos eleitores, segundo o Datafolha. Já a gestão Paes é considerada ótima ou boa por 21%, e ruim ou péssima por 36%. Em comparação a seus mandatos anteriores na prefeitura, Paes havia tido seu pior momento em 2013, com uma desaprovação de 33%. À época, a prefeitura era alvo de manifestações que tiveram como gatilho o reajuste de R$ 0,20 na tarifa municipal de ônibus.

Para aliados do prefeito, a dificuldade atual passa pela crise no sistema do BRT, que sofreu intervenção do município no início de 2021. A prefeitura tentou fazer uma licitação para renovação da frota em março, em meio a sucessivas paralisações e críticas ao serviço, mas não houve propostas. Paes tem acusado empresários do setor de transportes de organizarem um “boicote” ao serviço. Segundo o Datafolha, 6% dos eleitores da capital apontaram o transporte público como principal problema do Rio, o dobro em relação ao estado. Entre os cariocas, o tema ficou à frente de desemprego e corrupção, e só foi superado por violência, saúde e educação, que habitualmente ocupam a dianteira.

O transporte é considerado tema sensível para Paes, ao lado da saúde, por terem sido identificados já na campanha de 2020 como os principais motores da rejeição ao então prefeito Marcelo Crivella (Republicanos). No caso da saúde, após um primeiro ano de mandato com enfoque na vacinação contra a Covid-19, aliados avaliam que há necessidade agora de apresentar resultados em áreas como atendimento na atenção primária e de recuperação de equipamentos. Para encabeçar esta frente, Paes escalou o ex-secretário municipal de Saúde Daniel Soranz (PSD), para concorrer a deputado federal, com a expectativa de atuar como “puxador” de votos do partido.

— Nesse momento de desaceleração da pandemia, a população vai cobrar avanços em outras áreas do sistema de saúde. Ainda há muito a melhorar, mas vamos mostrar que fizemos reduções importantes na fila de atendimento e que recompomos equipes demitidas pelo Crivella —avalia Soranz.

Castro, por sua vez, tenta converter em ativos eleitorais programas como o Cidade Integrada, de retomada de territórios sob influência de tráfico e milícia, e o Segurança Presente, voltado para policiamento de bairros. Segundo o Datafolha, 27% dos eleitores apontam a violência como principal preocupação. O índice cresce para 30% na capital e para 52% entre os mais ricos.

A pesquisa apontou ainda que Castro é melhor avaliado por eleitores que disseram conhecer bem o programa Cidade Integrada. Embora o programa seja visto como uma vitrine do governo, aliados aconselharam Castro a não repetir a expansão acelerada das Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) no governo Sérgio Cabral, que acabaram associadas a um fracasso de gestão.

— O Cidade Integrada é um início de programa. É natural que seu crescimento traga melhoras de popularidade, mas o governo também vai atuar em outras frentes para mostrar resultados na segurança — disse o deputado Altineu Côrtes, presidente do PL no Rio. (Do Extra)

 

Por Jornal da República em 12/04/2022
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