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“Sendo o Exército um instrumento essencialmente político, a consciência coletiva deve-se criar no sentido de se fazer a política do Exército, e não a política no Exército.”
Gen Gois Monteiro, 1934
UNUS SED LEO – É SÓ UM; MAS, É UM LEÃO
Dito romano, Sec I AC
No começo de 1935, foi fundada no Brasil a Aliança Nacional Libertadora (ANL), sendo Luís Carlos Prestes aclamado seu presidente de honra. Capitão do Exército, vivendo na clandestinidade, convertido ao comunismo depois de participar do movimento tenentista dos anos 20, tendo inclusive morado e estudado na Rússia, Prestes tomou como missão, juntamente com o Partido Comunista Brasileiro (PCB), realizar a revolução comunista no Brasil. Assim, entre 23 e 27 de novembro de 1935, revoltas armadas protagonizadas por integrantes da ANL e lideradas por Prestes aconteceram em Natal, Recife e no Rio de Janeiro, para derrubar o governo, no que ficou para a História como a Intentona* Comunista (*intento tresloucado).
O Exército, como um leão ferido, com uma patada certeira rapidamente neutralizou os movimentos, mas o saldo foi sangrento, e as feridas das traições junto aos companheiros de farda jamais cicatrizaram.
O tenentismo gerou nos militares a crença de que o ideário comunista era contrário a tudo que defendiam e acreditavam para o país, mas foi naquele novembro, faz quase 90 anos, que esse sentimento anticomunista se enraizou de fato nas Forças Armadas. A lealdade, a camaradagem e a confiança entre chefes e subordinados – fundamentos da coesão para o combate – além dos pilares organizacionais de qualquer Exército, a hierarquia e a disciplina, foram totalmente desconsiderados pelos comunistas, que não hesitaram em assassinar friamente os próprios camaradas, na tentativa de impor suas crenças ideológicas.
Os anos que se seguiram aos levantes de 1935 foram marcados por um profundo acirramento ideológico, no país e no mundo, quando o comunismo mostrou a sua face autoritária e seus métodos homicidas de tomada e manutenção do poder. Lenin, Stalin, Mao Tsé Tung, Fidel Castro, Che Guevara, Pol Pot, apenas para lembrar aqueles mais sanguinários, responsáveis por mais de 100 milhões de vítimas políticas do comunismo, no Século XX.
De fato, a História comprovou que a ideologia comunista despreza os princípios que fundamentam a profissão das armas, ameaçando não somente a cadeia de comando, mas também a própria estrutura militar, na sua essência. Os militares brasileiros, habitualmente movidos por fortes sentimentos de nacionalismo e patriotismo, entenderam ser impossível aceitar o internacionalismo proletário pregado pelos comunistas. Pesou também o conservadorismo positivista dos nossos soldados, que os tornou – à princípio – defensores do status quo, e refratários da via revolucionária e da dissolução das instituições, enquanto gestão política.
Em suma, diferentes dos seus congêneres sul-americanos, nossos militares possuem um sentimento de ojeriza ao comunismo quase que inato, e construíram, historicamente, a convicção de que seus valores e crenças entram em choque com tudo o que é preconizado pelo comunismo. Em poucas palavras: no Brasil, ser militar é ser anticomunista.
Entretanto, contrariando seu passado histórico, por razões interna corporis, as Forças Armadas se abstiveram de participar dos últimos acontecimentos políticos. Sem responder aos clamores populares, o Exército adotou a neutralidade política, com atitudes pouco transparentes e facilmente confundidas com omissão. O clima mudou, a selva e os animais são outros. De sua jaula constitucional, o leão vislumbrou o perigo por entre a mata densa dos riscos e, embora atento, permaneceu passivo.
Talvez tenha evitado um fratricídio, porém sua cautela excessiva permitiu à matilha das hienas comunistas (fauna só encontrada no Brasil), livre de predadores, lançarem-se sobre o rebanho de cidadãos indefesos, abocanhando direitos, matando opiniões e dilacerando leis, “em defesa da democracia.”
O Brasil já tem uma população adulta politicamente, e capaz de constatar quão deletérias são as práticas comunistas para democracia. A aproximação comunista pela via pacífica se concretizou no país, por meio da hegemonia cultural gramcista dos últimos 60 anos, valendo-se de uma Constituição leniente, de chicanas jurídicas ativistas e da desinformação que grassa no meio da juventude, principalmente.
O atual Presidente da República, assim como alguns integrantes do seu governo se autodeclaram comunistas, sem qualquer pudor. A política externa do governo é de esquerda, com adesão ao Foro de São Paulo, apoios expressos às ditaduras comunistas e solidariedade com organizações terroristas, como as FARC e o HAMÁS. Os Ministros do STF defendem pautas comunistas, inocentam notórios corruptos, libertam traficantes de drogas, devolvem bens apreendidos aos criminosos, sentenciam à cavaleiro da ideologia, tudo “dentro da lei”.
A imprensa, a Academia e o Judiciário estão aparelhados, e exercem um patrulhamento ideológico esquerdista implacável. Agora, os comunistas ensaiam domesticar o leão, com uma nova jaula de “legalidades”, desconsiderando criminosamente quanto isso atenta contra a soberania e a segurança pública, do país.
Sim, estamos no Século XXI, e não cabem tenentismos nem intentonas. Não foi e nem é necessário golpe, quartelada ou revolução, simplesmente urge maior responsabilidade política por parte das instituições e autoridades do país. E que haja reação legal ao que não pode ser aceito como “normal” ou “democrático”, quando na verdade não passa de narrativa comunista, que nos deteriora as convicções, e nos submete a um autoritarismo travestido de democracia, diariamente. No meio da selva política, o simples ecoar do rugido anticomunista histórico das Forças Armadas (do Exército!) já seria um alerta aos abutres metidos nas carcaças das liberdades.
É missão constitucional das gentes das armas discordar, pleitear, influir, ser capaz de frear certas decisões de governo que contrariam, desde sempre, não só a política do Exército, mas os próprios valores da Nação. E cabe aos Ministros detentores da violência institucional do Estado (Defesa e Justiça) preservar e atender o jus sperniandi – direito de espernear – dos fardados. Quanto ao almejado “controle civil” das Forças Armadas, só depende da capacidade do governo de materializar os anseios militares, no cumprimento da missão constitucional.
Na democracia moderna, é do estadista e não da tropa a responsabilidade de fazer acontecer a “política do Exército”, aquela capaz de suportar – com o uso da força, quando necessário – as pedras angulares do estamento militar, e das liberdades democráticas.
Hoje, a parte que cabe à sociedade nessa história é de reconsiderar o tratamento abusivo e inconsequente que tem sido dispensado às Forças Armadas, para que elas possam – antes de tudo – manter o respeito próprio, e o de todos os brasileiros. Elas estão amargando um injusto destino, fruto de decisões questionáveis, mas como disse o Marechal Hermes da Fonseca, oitavo Presidente da República: “Não esqueçais que as situações políticas passam, e o Exército fica!”
De outra forma, persistindo a nossa cumplicidade, omissão ou negligência, ter-se-á conseguido mais um êxito ao contrário: ajudar a implodir os valores da Nação brasileira, para enfim se concluir o desastre já em curso da construção de um Estado comunista brasileiro. Consertar o carro andando é o segredo da sobrevivência da democracia. E isso implica em dar tratamento condigno ao Exército, mesmo porque no Brasil, é só uma a instituição anticomunista; mas, é um leão.
Gen Marco Aurélio Vieira
Foi Comandante da Brigada de Operações Especiais e da Brigada de Infantaria Paraquedista