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A estimulação medular é um método de tratamento que usa um gerador que emite impulsos elétricos na medula através de um eletrodo, tendo como objetivo tratar dores crônicas e intratáveis. Apesar de pouco difundido no Brasil, o método já existe desde 1989, ano em que a estimulação da medula espinhal (EME), foi aprovada pelo FDA (Órgão de administração de medicamentos dos EUA), porém há 10 anos seu uso vem crescendo de forma exponencial em nosso país.
A neuroestimulação tem como objetivo alcançar um alívio significativo ou total da dor crônica e possibilitar ao paciente retorno ao seu estilo de vida. Segundo o Dr. André Evaristo Marcondes, ortopedista e especialista em coluna do Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, na busca para solucionar a dor, é realizada uma cirurgia para a colocação de um eletrodo medular para controle de impulsos anormais, causando alívio quase total da dor. "Tenho pacientes que relataram melhora de, no mínimo, 95% do quadro em relação ao pré-operatório, deixando o operado totalmente satisfeito, permitindo controle neuronal, impedindo o membro de tremer e possibilitando com que ele consiga realizar atividades comuns do dia a dia", comenta o especialista.
Chip na coluna?
A neuromodulação nada mais é que o implante de um "chip na coluna" que pode ser introduzido na região sacral, lombar, torácica ou cervical. Ele tem como objetivo a transmissão de impulsos elétricos para alívio de dores que não possuem tratamento cirúrgico, aqueles casos em que o paciente passou por dezenas de cirurgias e não obteve resultado satisfatório.
Existem basicamente dois tipos de chip: um que não permite recarga e que possui bateria interna e maior tempo de duração. E outra opção de gerador menor, mas que permite a recarga de tempos em tempos. Cada versão possui vantagens e desvantagens.
Dados de dor da neuropática no Brasil
Segundo o estudo "Prevalência de Dor Crônica, Percepção de Tratamentos e Interferência nas Atividades de Vida: Pesquisa de Base Populacional Brasileira", com uma população de mais de 210 milhões de pessoas, 76,7% dela depende de atendimento público em nosso país. Mais de 10 milhões sentem algum tipo de dor neuropática (dor crônica que ocorre quando os nervos do sistema nervoso central e/ou periférico são feridos ou danificados), ou seja, 10% de toda a população sente algum tipo de dor crônica intratável todos os dias.
Ainda segundo o médico. "O funcionamento do chip é simples. Na estimulação da medula espinhal são implantados sob a pele um minigerador programável e um eletrodo em placa no espaço epidural (entre o osso e o saco dural). Pequenas correntes elétricas são aplicadas na medula, esses impulsos elétricos interferem na transmissão dos sinais de dor para o cérebro e aliviam a dor sem provocar efeitos colaterais, entre outros benefícios e modalidades. Os impulsos elétricos podem ser direcionados a locais específicos e, conforme a dor se modifica ou melhora, a estimulação pode ser ajustada de acordo com a necessidade", diz o Dr. André.
A vida útil do gerador
Os geradores recarregáveis têm vida útil maior, podem durar de 4 a 7 anos. Os intervalos de recarga podem variar de dias até semanas, dependendo dos parâmetros utilizados e do gasto energético. A recarga é realizada de maneira extremamente simples, um cinto é carregado na tomada e após estar carregado ele é colocado sobre a pele no local do gerador e carrega a bateria do gerador por ondas de Wi-fi, em processo extremamente semelhante aos novos carregadores sem fio de celulares. Em média, as recargas demoram 1 hora no máximo nos geradores novos e podem ser realizadas enquanto o paciente está em casa e até mesmo dormindo.
É considerado como resultado inicialmente satisfatório pacientes que apresentam melhora acima de 50% a 70% da dor em relação ao pré-operatório, mas a maioria apresenta resultados muito superiores a esse, e uma grande porcentagem dos pacientes implantados se veem livre da dor e do uso de medicações de maneira irrestrita. "A depender da programação utilizada, a dor pode ser substituída por uma sensação de parestesia (uma espécie de formigamento) ou programações mais recentes podem inclusive trazer ausência de dor associada à ausência de parestesia ou de qualquer outro tipo de sensação, sendo programações extremamente mais complexas e necessitando de geradores de altíssima tecnologia", finaliza um dos poucos especialistas em neuromodulação do Brasil.
Sobre o especialista
Dr. André Evaristo Marcondes – Ortopedista Especializado em Coluna – Mestre em Saúde Pública Global pela University of Limerick (Irlanda), possui especialização em Cirurgia de Coluna, em Ortopedia e Traumatologia, e graduação em Medicina pela Universidade de Marília. Preceptor do Grupo de Coluna do Departamento de Ortopedia e Traumatologia da Faculdade de Medicina do ABC. É membro da North American Spine Society (NASS), Sociedade Brasileira de Coluna (SBC) e Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT). Fez residência médica em Ortopedia e Traumatologia no Hospital do Servidor Público Municipal (SP) e, atualmente, atende no Núcleo de Medicina Avançada do Hospital Sírio-Libanês, AACD e Grupo C.O.T.C. Centro de Ortopedia, Traumatologia e Coluna. Instagram: @dr.andrecoluna | dicasdrcoluna.com.br
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